Servidores
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) voltaram, este mês, a uma das
regiões mais isoladas da Selva Amazônica, o Vale do Rio Javari, para conceder
benefícios como salário-maternidade, pensão por morte e aposentadorias. O Vale
do Javari fica no extremo Oeste do Estado do Amazonas, na fronteira com o Peru.
Servidores
do INSS com lideranças indígenas e parceiros, na aldeia Buku-wak.Foto : Matis
Chapu Matis
Segundo
o gerente-executivo do INSS em Tefé, Erick Brunno, os servidores da agência
Benjamin Constant também inscreveram silvícolas que ainda não eram segurados da
Previdência Social, na categoria de segurados especiais. Fazem parte dessa
categoria os agricultores que produzem em regime de economia familiar,
pescadores artesanais e indígenas que trabalham no campo, além de cônjuges,
companheiros e filhos maiores de 16 anos, desde que trabalhem com o grupo
familiar. O atendimento aos indígenas, in loco, evita que eles façam
deslocamentos penosos aos grandes centros em busca de direitos sociais.
Segundo
a Fundação Nacional do Índio (Funai), o total de indígenas que mantém contato
com o “homem branco” é de 5.420. O Vale do Javari possui aldeias com vários
níveis de contato e reúne oito etnias distintas: Kanamary, Kulina Pano, Kulina
Arawa, Marubo, Matis, Mayoruna (Matsés) e pequenos grupos de Korubo e Tsohom
Djapá. É a região com a maior concentração de grupos ainda não contatados da
Amazônia e do mundo. São 105 aldeias e 1.405 famílias.
O
INSS havia realizado uma ação no Vale do javari, em setembro e outubro do ano
passado. Agora, os técnicos aproveitaram a realização de eventos da Funai para
voltar a região: o III Seminário de Proteção
e Promoção dos Direitos Sociais Indígenas do Povo
Kanamary e o IV Seminário de Proteção e Promoção dos Direitos Sociais
Indígenas do Povo Matis.
Os
eventos foram realizados nas aldeias Massapê Novo e Buku-Wak, situadas, respectivamente, nos rios Itaquaí e
Rio Branco. A participação do INSS foi possível graças à parceria com a Funai.
Os servidores do INSS João Carlos e Ozinete Santos viajaram durante 12 horas em
lancha, do tipo voadeira, até a Aldeia
Massapê, a primeira das muitas aldeias
isoladas dos povos Kanamary e Matis.
Também
participaram dos eventos a Defesa Civil de Atalaia do Norte, com emissão de documentos;
o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), com o cadastro do Bolsa
Família; a Secretaria Especial de Saúde
Indígena (SESAI), com ações de nutrição em Saúde; e a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) da Prefeitura de Atalaia
do Norte.
Segundo
afirmou o servidor do INSS e gerente da APS Benjamin Constant, João Carlos,
este tipo de ação conjunta visa, prioritariamente, levar cidadania aos índios de aldeias
isoladas, evitando longos deslocamentos
e a permanência desses indígenas nas sedes dos municípios por tempo demasiado,
o que significa deixá-los expostos aos mais diversos perigos da “cidade
grande”, como alcoolismo, prostituição e drogas, além da possibilidade do
contato com diversas doenças dos
“brancos” que podem ser letais para os povos indígenas. (Maria do Carmo Castro)