Saúde realiza mobilização para incentivar 2ª dose contra HPV
O objetivo é alertar sobre a importância da vacina para
garantir proteção contra HPV. A doença é responsável por 70% dos casos de
câncer do colo do útero.
A partir deste mês, as meninas de 9 a 11 anos que tomaram a
primeira dose da vacina quadrivalente contra Papiloma Vírus Humano (HPV), devem
retornar a um posto de vacinação para receber a segunda dose. A vacina protege contra dois subtipos de HPV,
doença responsável por 70% dos casos de câncer do colo do útero e a terceira
causa de morte de mulheres no Brasil. Para alertar sobre a importância da
vacinação, Ministério da Saúde promove mobilização nacional que visa incentivar
pais e responsáveis a levarem suas filhas para tomar a segunda dose contra HPV.
Durante entrevista realizada nesta quinta-feira (10) para
anunciar o início da vacinação da segunda dose, o ministro da Saúde, Arthur
Chioro, ressaltou a importância da vacina na prevenção contra o câncer do colo
do útero. “Apesar do grande sucesso obtido na cobertura vacinal em 2014, neste
ano os números ficaram abaixo do esperado. Por isso, o Ministério da Saúde
convoca os pais, responsáveis, gestores locais, professores e toda a sociedade
para divulgar a informação de que a vacina é segura e eficaz”, afirmou Chioro.
Segundo ele, além de todas as medidas tradicionais de prevenção do câncer de
colo do útero - que não devem ser deixadas de lado – com a vacina, “o Brasil
tem a possibilidade de escrever uma nova história na geração futura das
mulheres livres do câncer do colo do útero”.
O ministro destacou a experiência internacional, citando
países que implantaram a vacina há, pelo menos quatro anos, com resultados
impactantes. “Em países com cobertura vacinal acima de 50% - entre eles Reino
Unido e Nova Zelândia - houve 68% de redução nos casos de HPV dos subtipos 16 e
18, que são responsáveis pelo câncer do colo do útero. Já na Austrália, que
implantou a vacina em 2007, os casos de verrugas genitais reduziram de 18,4%
para 1,1% nas mulheres de até 21 anos. Esses são exemplos de que a vacina é
segura e pode mudar a saúde das próximas gerações de mulheres”, observou
Chioro.
A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações,
Isabella Ballalai, que também participou da entrevista coletiva, reforçou a
importância da imunização. “Vacinar as meninas de nove anos não vai apresentar
resultado imediato, mas será muito importante daqui a 20 ou 30 anos”,
ressaltou. Isabela explicou que eventos adversos são comuns em qualquer vacina
e não devem ser um impeditivo para a proteção das meninas. “Ela é totalmente
segura e está licenciada no mundo desde 2006”, afirmou
Até agosto, 2,5 milhões de meninas de 9 a 11 anos foram
vacinadas contra HPV. Isso representa 50,4% do público-alvo, formado por 4,9
milhões de meninas nessa faixa-etária. No ano passado, quando a vacina foi
disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), 100% do público estimado foi
vacinado com a primeira dose, alcançando 5 milhões de meninas de 11 a 13 anos.
Entretanto, só 3 milhões destas meninas procuraram uma unidade de saúde para
tomar a segunda dose, o que representa 60%, sendo que a meta do Ministério da
Saúde é vacinar 80% do público–alvo.
A vacina contra HPV está disponível nas 36 mil salas de
vacinação espalhadas pelo país. O Ministério da Saúde recomenda aos estados e
municípios que façam parcerias com as escolas públicas e privadas para realizar
a vacinação no ambiente escolar. Experiências de vacinação nas escolas
realizada em outros países, como Austrália e Escócia, mostram a importância
dessa estratégia para garantir altas coberturas vacinais.
ESQUEMA VACINAL – A vacina contra HPV é indicada para
adolescentes de 9 a 13 anos com três doses. Após a primeira dose, a menina deve
receber a segunda seis meses depois, e a terceira, de reforço, cinco anos após
a primeira dose. Além do documento de identificação, o Ministério da Saúde
recomenda que seja apresentado o cartão de vacinação.
Todas as meninas de 11 a 13 anos que só tomaram a primeira
dose no ano passado também devem
procurar um posto de saúde para tomar a segunda. Isso também vale para as
meninas que tomaram a primeira dose aos 13 anos e já completaram 14 e para
aquelas que já tenham passado de um ano da primeira dose. Afinal, a proteção só
é garantida com a aplicação das duas doses.
Neste ano, o Ministério da Saúde incluiu no grupo alvo da
vacinação as mulheres de 9 a 26 anos que vivem com HIV. Mais suscetível a
complicações decorrentes do HPV, esse público tem probabilidade cinco vezes
maior de desenvolver câncer no colo do útero do que a população em geral. Com a
medida, 33,5 mil mulheres serão beneficiadas pela vacinação. Para este grupo, o
esquema vacinal também conta com três doses, mas com intervalos diferentes. A
segunda e a terceira doses serão aplicadas dois e seis meses após a primeira.
Nesse caso, elas precisarão apresentar a prescrição médica.
A VACINA - Desde março de 2014, o SUS oferece a vacina
quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11,
16 e 18), com 98% de eficácia em quem segue corretamente o esquema vacinal. Os
subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo
do útero em todo mundo e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais.
Ela tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda
não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o
vírus. Hoje, a vacina é licenciada em mais de 130 países e é utilizada como
estratégia de saúde pública em mais de 60 países, por meio de programas
nacionais de imunização. Estimativas indicam que, até 2013, foram distribuídas
cerca de 200 milhões de doses da vacina em todo o mundo. A sua segurança é
reforçada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
As sociedades brasileiras e Imunizações (SBIm), de
Infectologia (SBI), de Pediatria (SBP) e a Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) divulgaram uma carta aberta à população
reforçando a importância da vacinação e orientando os pais a não deixar de
levar suas filhas de 9 a 13 anos a um posto de vacinação para tomar a primeira
ou segunda dose contra HPV.
Para a produção da vacina contra o HPV, o Ministério da
Saúde firmou Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Butantan e o
Merck. Serão investidos R$ 1,5 bilhão na compra de 36 milhões de doses durante
cinco anos – período necessário para a total transferência de tecnologia ao
laboratório brasileiro. Para 2015, a previsão do Ministério da Saúde é de
adquirir 11 milhões de doses.
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO – O câncer do colo do útero é o
terceiro tipo que mais mata mulheres no Brasil, atrás apenas do de mama e de
brônquios e pulmões. O número de mortes por câncer do colo do útero no país
aumentou 28,6% em 10 anos, passando de 4.091 óbitos, em 2002, para 5.264, em
2012, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil, publicação do
Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Tomar a vacina na adolescência é o primeiro de uma série de
cuidados que a mulher deve adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo
do útero. Portanto, a imunização não substitui a realização do exame preventivo
e nem o uso do preservativo nas relações sexuais. O Ministério da Saúde orienta
que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o
Papanicolau, a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos.
O HPV é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou
mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da
mãe para filho no momento do parto. Estimativas da Organização Mundial da Saúde
indicam que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras da doença, sendo
32% infectadas pelos tipos 16 e 18, que são de alto risco para o
desenvolvimento câncer do colo do útero. Estudos apontam que 270 mil mulheres,
no mundo, morrem devido à doença. Neste ano, o Instituto Nacional do Câncer
estima o surgimento de 15 mil novos casos.