Berzoini diz que Governo tem mais de 200 votos para barrar
impeachment na Câmara
Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil
Depois de partidos como o PP e o PRB oficializarem a saída
do governo e o apoio ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o governo
ainda acredita que terá votos suficientes para derrubar o processo no próximo
domingo (17), e dar início a uma nova base de governo que dê governabilidade
para os próximos passos.
O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse
que o governo está preocupado não apenas com a votação de domingo, mas também
em “dar estabilidade ao país. A gente
sabe que vários partidos da base têm hoje um tensionamento interno grande. Nós
estamos trabalhando na fase de reta final, é deputado por deputado, caso por
caso”, disse. Segundo ele, Dilma tem feito um “corpo a corpo” e procurado
deputados que querem ouvir a sua opinião e seus argumentos.
Para discutir o assunto, a presidenta se reuniu no início da
tarde de hoje (13), com líderes partidários e ministros do seu governo,
inclusive do PMDB, partido que saiu da base aliada no último dia 29 de março.
Participaram do encontro deputados que têm feito defesa aguerrida do mandato
dela, como Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Sílvio Costa (PTdoB-PE), além dos
peemedebistas Marcelo Castro (Saúde), Helder Barbalho (Portos) e Celso Pansera
(Ciência e Tecnologia) e o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues
(PR).
De acordo com Berzoini, o Planalto busca demonstrar que o
pedido de impeachemnt é improcedente com base em argumentos, e não com “toma
lá, dá cá”. Ele repetiu as defesas do governo de que Dilma não cometeu crime de
responsabilidade e que o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) aprovado pelos
deputados que compõem a comissão do impeachment na segunda-feira (11) politizou
um exame que é “fundamentalmente de mérito”.
“A conversa com o Congresso é absolutamente direta,
transparente, no sentido de mostrar que nós não podemos brincar com a
democracia, e que é hora de ter um juízo absolutamente desprovido de paixões.
Não se trata de gostar ou não do governo, de apoiar ou não a presidenta,
trata-se de cuidar da democracia, que é um bem fundamental de todo povo
brasileiro”, afirmou Berzoini.
O ministro defendeu também que a decisão de domingo, no
plenário da Câmara, não deve se
transformar em uma “eleição indireta” sem a participação do povo. Após o
encontro, a presidenta fez um discurso em que propôs um “grande pacto” e
“diálogo nacional” com todos os seguimentos da sociedade, caso o impeachment
seja derrotado.
“Estamos convencidos que teremos no domingo número
suficiente para barrar o golpe e criar as condições para construir uma nova
base de governo, capaz de dar governabilidade no momento seguinte. Na nossa
avaliação, a base hoje é superior a 200 votos sendo trabalhada de maneira muito
rigorosa e criteriosa pelas lideranças”, disse Berzoini.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani,
também esteve no Palácio do Planalto. Ontem (12), Pansera disse que os três
ministros do PMDB que têm mandato de deputado vão se licenciar dos cargos para
participar da votação. Segundo Berzoini, o retorno deles não é apenas para
garantir os votos, mas para fazer, a partir de amanhã (14), um enfrentamento
político sobre a questão.