Dançarino da PB supera deficiência e coleciona títulos de dança de rua
Lucas Ferreira, conhecida como Bboy Perninha nasceu sem o fêmur.
Segundo o dançarino, a falta de fé das pessoas nele o fez ter mais força.
Diziam que ele nunca seria capaz de dançar como os demais. Outros, que seria impossível reproduizr o mesmos passos de dança de rua que os ‘normais' faziam. Afinal, a deficiência não iria lhe permitir. No entanto, o paraibano Lucas Ferreira, de 21 anos, conhecido como Bboy Perninha, que nasceu sem o fêmur e, por isso, tem a perna esquerda menor, fazia da falta de fé e das palavras duras das pessoas um combustível para ir além dos seus limites.
Atualmente, o jovem coleciona títulos, muitos deles como primeiro lugar em competições nacionais e até mesmo internacionais de dança de rua, como por exemplo, a conquista do evento ‘Batalha na Vila’, que reuniu dançarinos de toda a América Latina, no ano de 2013.
Ele também trabalha viajando pelo país atuando como jurado de competições de alto nível e ministrando workshops. E também se tornou produtor cultural e criador de um festival de hip hop. “Sempre levei essas palavras e outras piores como motivação para que eu pudesse crescer e me superar. Se não fossem essas barreiras eu não estaria forte hoje”, conta Lucas, que faz parte dos grupos Coletivo Gang Gangrena, da Paraíba, e do Killa Rockers, de São Paulo.
Aos 13 anos, ele disse ter encontrado algo que o fez passar a noite sonhando que seria capaz de algo além dos seus próprios limites. O encontro com a cultura Hip Hop e com a dança de rua aconteceu nessa época, quando um dos amigos o chamou pra assistir um DVD de um evento mundial de dança de rua. E, segundo ele, quando viu aqueles homens dançando e realizando aqueles movimentos, ‘pirou’ e ficou a noite após voltar pra casa tentando fazer aquilo que tinha visto.O jovem lembra que antes de iniciar na dança, passou sua infância tentando praticar todo tipo de atividade como forma de se integrar às demais crianças e para que a sociedade não o enxergasse como alguém que tem um “problema”. “Um olhar diferente já abalava meu psicológico”, frisou.
Depois disso, um outro amigo o convidou para visitar uma igreja que onde aconteciam aulas de dança de rua e foi neste momento que ele começou a expandir seus conhecimentos e a participar de competições. Entretanto, de acordo com Lucas, o começo não foi fácil porque os outros o olhavam de forma "diferente".
“No início foram poucos os que ficavam do meu lado acreditando em mim. Entre os que acreditavam em mim esteve o meu professor e referência: Bboy Kazzuza, arte educador do Centro de Referência da Juventude de Mangabeira e meu irmão, o Bboy Fidel, assim como meus companheiros de Grupo”, conta Lucas. No vídeo acima ele ensina passos básicos do break para quem deseja aprender.
De acordo com Lucas, entre os títulos conquistados por ele estão: 1ºLugar Skill Cyphers 2013 – Natal, no Rio Grande do Norte/1ºLugar Evolução Hip Hop 2013, em Salvador, na Bahia/1ºLugar no Batalha na Vila 2013, em São Paulo, São Paulo/1ºMinas Break Battle 2013, em Araguari, Minas Gerais/ 2ºLugar Battle Bboys Bolivia 2013, emSanta Cruz de La Sierra, na Bolívia/ 1ºLugar Master Crews 2014, em São Paulo, São Paulo/ 1ºLugar Batalha do Concreto, em São Paulo, São Paulo/1ºLugar Jam Articulando, em São Paulo, São Paulo/1ºLugar Break Boy Life, em Extrema, Minas Gerais.
Passos de sonhos e desafios
Lucas garante que não tem dificuldades físicas pra dançar atualmente e se vê como uma pessoa normal fisicamente, sem limitações. Ele confessou que no início teve algumas dificuldades pra se adaptar, mas atualmente não tem a mínima complicação. Mas, relatou que sua prótese não está nas melhores condições. E apesar de já ter feito uma campanha na internet para arrecadar fundos e adquirir uma nova, ainda não conseguiu.
Segundo ele, após a conquista do seu principal título, o de primeiro lugar no evento ‘Batalha na Vila’, muitas portas se abriram não só para ele como também para outros dançarinos da Paraíba. “Vários organizadores de eventos pelo mundo e vários outros dançarinos começaram a querer saber se existiam mais pessoas aqui com o mesmo nível”, recorda.
Entretanto, ele ainda precisa enfrentar desafios para participar de alguns eventos. Em certas ocasiões, Lucas e seus amigos dançam na orla de João Pessoa em busca de apoio para o custeio das competições. Agora ele sonha em proporcionar uma condição melhor para sua mãe e deseja conquistar isso com a única coisa que sabe fazer: dançar.