Ex-governador Cid Gomes pede impeachment de Michel Temer
Iolando Lourenço - Repórter da Agência Brasil
O ex-governador do Ceará Cid Gomes apresentou hoje (1) na
Câmara uma denúncia “pela prática de crime de responsabilidade” contra o
vice-presidente da República, Michel Temer.
De acordo com o ex-governador, Temer é apontado como “autor de diversas
condutas tipificadas como crime de responsabilidade, que devem ser regularmente
apreciadas por esta Casa”.
“O que estou aqui apresentando são denúncias que fazem
citação diretamente ao nome do vice-presidente Michel Temer ou ao PMDB, que é
um partido presidido por ele que, nessa condição, ele tem obrigação de
responder”, explicou Cid Gomes. Segundo ele, as citações constam de “delações,
depoimentos e citações recolhidas de documentos de investigados na Lava Jato,
que fazem referência explicita [a Temer]”.
Cid Gomes disse que não baseou seu pedido nas chamadas
pedaladas fiscais. “Eu não considero que nos ajustes em peças orçamentárias
haja cometimento de crime de responsabilidade. Eu não trato disso aqui, embora
o vice-presidente, no exercício da presidência, tenha assinado decretos que
caracterizariam as tais pedaladas fiscais. Eu não considero isso crime de
responsabilidade”.
Gomes citou a troca de mensagens de texto em celular do
presidente da OAS, Léo Pinheiro, e o presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). Nelas, o deputado reclama que o empreiteiro “entregou a Temer
e deixou inadvertidamente adiado o repasse a outros líderes”. Gomes diz que
Cunha teria cobrado de Léo Pinheiro por ter entregue R$ 5 milhões de uma vez a
Michel Temer, tendo adiado o compromisso com a “turma”.
O ex-governador pede que a denúncia seja encaminhada ao
vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), em função da
proximidade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com o vice-presidente da
República.
O ex-governador pede que a Câmara avalie as denúncias e que,
se for comprovada a prática de crime de responsabilidade pelo vice-presidente,
seja processamento e julgado pelo Senado Federal.
Cid Gomes disse que o nome do vice-presidente é citado na
delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que atribui a
Temer um “escândalo da aquisição de etanol na BR Distribuidora e a indicação de
Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobras”.
Ele diz que nos mesmos autos da delação do senador, há
menções a “ilicitudes envolvendo o PMDB”, do qual Michel Temer é presidente.
Entre as ilicitudes, Cid Gomes cita obras de Belo monte, Operação Lama
Asfáltica e área energética – Eletronorte, Eletrobras, Eletrosul, Ministério de
Minas e Energia e Petrobras, além das agências de saúde (ANS) e de vigilância
sanitária (Anvisa).
“O que peço aqui é que sejam investigadas as denúncias para
fins de possível, eventual, como creio, motivo para o impeachment do
vice-presidente. São várias referências, mas eu citaria seis explícitas
envolvendo o vice-presidente ou o presidente do PMDB. Eu não quero aqui dizer
que ele é absolutamente culpado dessas denúncias, eu quero que ele seja
investigado. Estou pedindo que seja apreciada a denúncia, para fins posterior
de impeachment”, disse o ex-governador.