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Dia de Conscientização Autista, pais contam desafios para desenvolvimento
Heloisa
Cristaldo e Marieta Cazarré - Repórteres da Agência Brasil
Jorge
e o pai adotivo, Victor Lizárraga
Jorge
e o pai adotivo, Victor Lizárraga. Pai se emociona ao descrever o menino: “O
Jorginho não é uma criança que fala, ele não verbaliza, mas entende tudo.
Lizárraga é ativista, engajado na difusão das informações sobre o autismo no
Brasil e em países latino-americanosArquivo pessoal.
Em
vez de brincar com seu carrinho, o pequeno Jorge se diverte com as rodas de seu
automóvel plástico. “Ele gosta mesmo é de girar a roda do carrinho. Já percebi
também que é mais interessante para ele brincar com a caixa do que com o
brinquedo. Com a caixa, ele mesmo constrói sua brincadeira”, descreve o
jornalista Victor Babu Lizárraga, pai adotivo do Jorginho, 3 anos. O menino tem
Transtorno do Espectro Autista (TEA). A Organização Mundial da Saúde (OMS)
escolheu hoje (2) para lembrar o Dia Mundial de Conscientização Autista.
O
pai se emociona ao descrever o menino: “O Jorginho não é uma criança que fala,
ele não verbaliza, mas entende tudo. Você pede para ele fazer uma coisa, ele
faz. Primeiro ele demorou muito a andar, foi apenas com dois anos e seis meses.
Depois vieram os movimentos repetitivos”, conta. Lizárraga é ativista, engajado
na difusão das informações sobre o autismo no Brasil e em países
latino-americanos.
Para
ele, o autoflagelo é o momento mais doloroso de quem lida com o autismo. “É a
parte mais feia do transtorno. Se ele não se faz entender, ele se agride porque
ele não consegue passar o que ele quer. Ele se bate no rosto, bate a cabeça na
parede. Aí tenho que pegar no colo, explicar. É um aprendizado o tempo todo.”
O
diagnóstico do autismo depende da observação clínica e do comportamento do
indivíduo, ao considerar o desenvolvimento motor, psicomotor e social. O
transtorno não é revelado por meio de exames – usados para uma avaliação
secundária, de problemas associados.
Em
2013, foi publicada uma atualização dos critérios autismo, dividindo o
transtorno em três graus: leve, moderado e severo. Atualmente, são duas linhas
de critério para o diagnóstico: deficit de comunicação e interação social e
padrão de comportamento repetitivo e/ou estereotipado. Para ser diagnosticada
com autismo, a criança precisa apresentar os dois eixos.
“O
comportamento repetitivo e estereotipado é, por exemplo, ficar brincando com a
roda do carrinho. Há o balanceio – onde ele fica sacudindo para frente e para
trás; o flapping, gesto de ficar balançando as mãos”, explica o neuropediatra
Christian Muller.