Força Nacional será enviada ao Ceará após crise no sistema
penitenciário
Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil
A Força Nacional de Segurança Pública será enviada à
Fortaleza para reforçar o sistema penitenciário após crise provocada por greve
de agentes estaduais. A medida foi anunciada hoje (23) pelo Ministério da
Justiça e Cidadania. As equipes já estão se deslocando da base de treinamentos
da Força, no Distrito Federal, com destino à capital cearense, onde devem
iniciar a operação esta semana.
Por causa da greve, agentes penitenciários e policiais
militares entraram em confronto na cidade de Itaitinga e o trânsito ficou
interrompido na BR-116 por familiares dos detentos. Incêndios foram registrados
em algumas unidades penitenciárias do estado e pelo menos cinco pessoas
morreram, segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará.
A decisão do Ministério da Justiça atende à solicitação do
governador do Ceará, Camilo Santana. Em post no Facebook, o governador lamentou
o fim de semana violento nos presídios do Ceará, depois que os agentes
penitenciários do estado deflagraram greve no último sábado (21). A paralisação
durou menos de 24 horas.
“Diante dos lamentáveis acontecimentos registrados nas
últimas 48 horas no sistema penitenciário do estado, o governo do Ceará vem
tomando todas as medidas necessárias para estabilizar a situação”, escreveu o
governador.
“Além do apoio do Poder Judiciário, do Ministério Público e
das nossas forças de segurança (Polícia Militar, Polícia Civil, Bombeiros e
Pefoce), que vêm atuando bravamente desde o início da greve dos agentes
penitenciários, considerada ilegal pela Justiça, já solicitei no domingo o
apoio da Força Nacional de Segurança, no sentido de garantir a estabilidade nos
presídios, especialmente durante a recuperação das instalações, que foram
destruídas por conta das rebeliões”, disse Santana na rede social.
Sindicato
O Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema
Penitenciário do Estado do Ceará disse que a categoria não vai aceitar que o
governo estadual coloque a culpa dos transtornos nos trabalhadores. “Querem
responsabilizar a nossa categoria pela quebradeira e mortes nos presídios, mas
não vamos aceitar, pois há mais de um ano buscamos essa gratificação. Ignoraram
nossas propostas, nunca negociaram, apenas promessas”, disse o presidente da
entidade, Valdemiro Barbosa, em nota.
Com a paralisação, os agentes penitenciários conseguiram
reajuste na Gratificação de Atividades de Especiais e de Risco, que será pago
de forma escalonada: 10% em fevereiro de 2017, 10% em janeiro de 2018, e 20% em
novembro do mesmo ano.