Muhammad Ali, um dos maiores atletas do século 20, morre aos
74 anos
O lendário boxeador Muhammad Ali deixou registrado um grande
número de vitórias no ringueReprodução Facebook
O lendário boxeador Muhammad Ali - um dos maiores
esportistas do século 20 - morreu ontem (3) aos 74 anos. A informação sobre a
sua morte só foi conhecida na madrugada de hoje (4). Ele estava internado em um
hospital de Phoenix, capital do estado norte-americano do Arizona, desde o
início desta semana, para tratar de problemas respiratórios.
Até o dia do enterro, previsto para quarta-feira, haverá
homenagens ao boxeador em várias cidades dos Estados Unidos. Hoje haverá
homenagem em Louisville, Kentucky, sua cidade natal.
Muhammad Ali, que há 30 anos foi diagnosticado com a doença
de Parkinson, era conhecido como pelo título "O Maior" (The
Greatest), por ter obtido três vezes - em 1964, 1974 e 1978 - o título de
campeão mundial de pesos pesados em uma carreira de 21 anos. Ele ganhou o
primeiro título mundial aos 22 anos, em 1964, em uma luta contra Sonny Liston,
até então considerado um lutador praticamente invencível.
O boxeador se destacou também por lutar abertamente - com
sua língua afiada - contra o racismo nos Estados Unidos, em uma época em que os
atletas negros costumavam agradar a elite esportiva branca para buscar riqueza
e se transformar em celebridades.
Muhammad Ali também desafiou a legitimidade da guerra do
Vietnã, ao se recusar, em 1967, a se alistar no exército norte-americano em uma
época em que poucos cidadãos ousavam protestar contra o serviço militar, um ato
considerado de desobediência civil. Tal atitude custou caro a Muhammad Ali que
foi suspenso do boxe por mais de três anos.
Em outra atitude de desafio à tradição cultural e religiosa
dos Estados Unidos, o boxeador - que foi registrado com o nome de Cassius Clary
em sua certidão de nascimento - mudou o nome para Muhammad Ali depois que
anunciou, em 1975, a adesão ao islamismo, em um período em que parte da
imprensa e agentes do FBI (a polícia federal norte-americana) consideravam a
religião muçulmana como um culto destinado a destruir os Estados Unidos.
Antes de entrar no mundo das competições esportivas, o jovem
Cassius Clay era um estudante pobre. Segundo sua esposa Lonnie Ali, ele lutava
para conseguir ler, provavelmente porque tinha dislexia. Ele descobriu seu
talento para o boxe por acaso: aos 12 anos, foi a uma delegacia de polícia para
dar queixa de que sua bicicleta tinha sido roubada. Um policial convidou
Cassius para se juntar a um grupo de jovens pugilistas, que treinavam em um
ginásio no centro de Louisville.
Muhammad Ali foi considerado o maior esportista do século 20
pela revista Sports Illustrated e personalidade desportiva do século passado
pela BBC. Ele escreveu alguns livros sobre sua carreira, entre eles, "The
Greatest: minha própria história".