Michel Temer toma posse e anuncia a hora das reformas
Terminou nesta quarta-feira, após quase nove meses que
paralisaram o país, o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. O agora presidente
Michel Temer tomou posse às 16h50. Ele chegou ao plenário do Senado Federal ao
lado do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente do
Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Temer viaja ainda hoje para a
China, mas deixou gravado um pronunciamento que vai ao ar em rede nacional de
rádio e televisão às 20 horas. Antes da viagem, contudo, fez a primeira reunião
ministerial com sua equipe, efetivada no cargo como ele. Na volta, já sem a
bengala da interinidade, terá pela frente um duro desafio.
A votação que garantiu a posse do peemedebista provocou uma
crise na base de Temer. Isso porque um ‘acordão’ entre PT e PMDB resultou no
fatiamento do julgamento de Dilma, que livrou a petista da inabilitação
política por oito anos – irritando DEM e PSDB. Nos bastidores, a articulação de
aliados da petista para conseguir dividir o julgamento em duas etapas foi
atribuída a um acordo com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Renan sempre se disse desconfortável com o impeachment, mas declarou na sessão
desta quarta, sentado à Mesa Diretora, ser contra a suspensão dos direitos
políticos da petista. Na reunião com ministros, Temer disse que parte de sua
base causou embaraço ao governo ao votar pela manutenção dos direitos políticos
da presidente cassada sem consultar o governo previamente e disse que não
tolerará este tipo de conduta.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG),
culpou o PMDB pelo desfecho do julgamento e se disse surpreendido em cima da
hora. Ele colocou em dúvida o compromisso real de lideranças peemedebistas com
o governo Temer e as reformas propostas econômicas e acordadas com o partido.
Parcela do PSDB passou a defender ao fim da votação um rompimento com Temer.
Eles reclamaram de não terem sido avisados da posição dividida do PMDB. “O PMDB
começou a tratar o PSDB da maneira que era tratado pelo PT”, queixou-se o líder
do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB).
Não se trata da primeira crise com tucanos. A legenda já
pressionou publicamente Temer para que deixe de fazer concessões no controle
dos gastos públicos após a votação final do impeachment. E o partido desconfia
também das reais intenções do peemedebista em 2018. Não à toda, o presidente
repetiu diversas vezes que tem pela frente apenas dois anos e quatro meses de
mandato. Temer disse esperar que sua equipe de governo consiga colocar o Brasil
nos trilhos, para conseguir chegar ao fim do seu mandato, em 31 de dezembro de
2018, “com o aplauso do povo brasileiro”.
Divergências na base são um especial motivo de preocupação
para Temer. Isso porque o impeachment de Dilma Rousseff já era fato consumado
havia meses – ao menos para os agentes do mercado financeiro. Não por acaso,
desde 12 de maio, quando a então presidente foi afastada do cargo, a Bovespa
acumula alta de quase 10%; no ano, o avanço chega a 33,5%. Assim, a mudança no
governo já está, como dizem operadores e investidores, “precificada” – ou, em
outras palavras, o que tinha de influenciar o mercado, ela já influenciou.
Agora, as atenções do mercado financeiro se voltam para as
ações do governo – não mais interino – de Michel Temer. E o escrutínio será
particularmente meticuloso sobre seus sucessos e insucessos nas negociações das
reformas com o Congresso. Até aqui, o governo Temer estava sob a sombra da
interinidade, o que, por mais improvável que fosse o retorno de Dilma ao poder,
ainda travava as negociações, raciocina o economista Otto Nogami, professor do
MBA do Insper. “Agora essa desculpa não existe mais”, diz.
Os temas econômicos ganharam especial atenção no
pronunciamento de Temer à sua equipe. “Gerar emprego é o primeiro tema que deve
ser levado em conta nas nossas decisões. Se há hoje um certo amargor das
pessoas nas ruas, é em função do desemprego. Quando começarmos a gerar
empregos, isso vai tirando esse amargor”, afirmou. “Não será fácil. Temos uma
margem enorme de desempregados, de quase 12 milhões de pessoas, uma cifra
assustadora. Não há coisa mais indigna que o desemprego, que fere o princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana”, completou.
Ele pediu aos ministros que trabalhem em busca de apoio no
Congresso para aprovar as medidas necessárias, inclusive o que chamou de
‘adequação da relação trabalhador-empregado’. “Vamos às bancadas. É preciso também
dar publicidade à necessidade de reforma da Previdência. Não queremos fazer uma
coisa de cima para baixo. Precisamos da compreensão da sociedade brasileira”.
A reforma da Previdência é crucial para o futuro das
finanças do país, mas seu impacto deve ser mais forte no longo prazo, afirma o
professor. Para o curto prazo, diz, é essencial que o governo tenha sucesso em
duas frentes: a Proposta de Emenda Constitucional que impõe teto aos gastos
públicos e o adiamento dos reajustes ao funcionalismo público. São temas-chave para começar a tirar as
contas públicas – e a economia do país – do atoleiro. E como definiu Temer: “A
cobrança será muito maior sobre o governo”.
Mesmo fora de casa, o Goiás manteve o embalo e venceu o
Londrina, por 1 a 0, no Estádio do Café, pela 22ª rodada da Série B do
Brasileiro. O meia Patrick, aos 23 minutos do primeiro tempo, marcou o gol da
vitória do Esmeraldino, que chega ao quarto jogo seguido sem derrota e consegue
se afastar temporariamente da zona de rebaixamento. Além disso, o time goiano
quebra a boa sequência do Tubarão, que vinha de duas vitórias seguidas e tinha
chances de entrar no G-4 nesta rodada.
Com o resultado, o Goiás chega aos 26 pontos e fica
provisoriamente na 13ª posição. O Londrina fica em sexto, com 31 pontos.Os dois
times voltam a jogar na próxima terça-feira, dia 28, pela 22ª rodada. O Tubarão
enfrenta o Náutico, às 20h30 (de Brasília), na Arena de Pernambuco. O
Esmeraldino recebe o Criciúma, às 21h30 (de Brasília), no estádio Serra
Dourada.
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