Rodrigo SenaO pãozinho é um dos produtos que deverão ficar mais salgados para o consumidor este mês
O Sindicato da Panificação do RN aguarda posição oficial da Associação Brasileira de Panificação (ABIP), que dirá de quanto será o aumento real, mas já orienta panificadoras a reverem suas planilhas e a repassarem o reajuste para o consumidor, de acordo com os novos custos. A alta preocupa o setor, segundo Evandro Galdino, presidente do Sindicato, e pode frear o consumo de produtos à base de trigo no RN. Segundo Roberto Schneider, presidente da Associação Norte e Nordeste da Indústria de Trigo, as indústrias de moagem seguraram o reajuste até onde puderam. Além da alta de trigo, o setor enfrenta alta na energia elétrica e nas embalagens. Entre janeiro e maio, a tonelada de trigo passou de US$265,62 para US$360. Alguns moinhos brasileiros já estão comprando a tonelada por US$370, como esclarece. No primeiro semestre de 2010, a tonelada de trigo estava custando US$ 200. “A indústria de moagem sempre foi muito pressionada. Vamos ter que fazer alguns ajustes, e repassar o mínimo para o consumidor”, explicou. Apesar do encarecimento, o trigo continua sendo um dos produtos mais baratos e líder de consumo no mundo.
O cenário, segundo a Associação, não deverá mudar ao longo do ano. “No que depender do trigo, o cenário não deve mudar. Não estimamos variações grandes nem para mais nem para menos. Até a nova safra, em novembro, não devem ocorrer grandes oscilações”. Schneider esclarece que os preços dispararam devido a queda na qualidade do produto, afetada, principalmente, pelos eventos climáticos nos países produtores. Na safra passada, os produtores colheram 65% de ‘trigo bom’. Em 2011, devem colher apenas 35% de ‘trigo’, o que deverá piorar um pouco mais o cenário. O problema, segundo ele, não é quantidade colhida, mas a qualidade.
Apesar da queda de produção em alguns países, como Argentina e Brasil, não haverá problema de desabastecimento, ele garante. A redução vai estimular a busca de trigo em outros países, como por exemplo, EUA e Canadá. O preço do trigo, que é uma commodity, é determinado pela bolsa de valor, por isso, questões internacionais afetam tanto seu preço. ”A bolsa, principalmente a de Chicago e Kansas, que determinam o preço do trigo para panificação, leva em consideração a oferta e qualidade do produto, além do cenário internacional”, esclarece.
No Nordeste, o impacto é maior. A região importa muito trigo. Isso, porque o produto produzido no Brasil não chega a 40% do que é consumido e fica nas regiões produtoras, como o Rio Grande do Sul, por exemplo. Importar, muitas vezes sai mais barato que comprar no Brasil. A falta de infraestrutura e proteção da marinha mercante brasileira, segundo Schneider, faz com que os custos nacionais sejam mais altos que os internacional.
Fonte: Tribuna
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