Trabalho é apontado como principal preocupação após paciente receber o diagnóstico
Imagine você como um malabarista tentando equilibrar cinco bolas, cada uma representando um aspecto da sua vida: o trabalho, a saúde, a família, os amigos e o espírito. O trabalho é a única bola de material plástico, portanto, se cair no chão, ela irá pular para cima novamente. Mas as outras quatro bolas são de vidro. Se forem derrubadas, ficarão permanentemente danificadas.
A grande questão é que a maioria das pessoas se preocupa apenas em equilibrar a única bola que pode ser recuperada, e esquecem-se das outras quatro, sendo a saúde uma das mais afetadas. Geralmente, é preciso passar por algum tipo de trauma para lembrar da necessidade de cuidados periódicos, assim como dar o devido valor à fragilidade inerente à saúde humana.
Esse comportamento negligente e equivocado foi em parte comprovado por uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos (encomendada pela Pfizer) que procurou dimensionar sobre a visão dos pacientes em relação ao câncer de pulmão. Realizado com 201 pacientes de seis capitais brasileiras, o estudo revelou ser o trabalho o foco principal na vida da maioria dessas pessoas, antes do diagnóstico do câncer, sendo displicentes com hábitos de vida saudável, como fazer refeições balanceadas, praticar atividades físicas, visitar regularmente o médico e manter distância do cigarro.
Meu nome é trabalho
Segundo a pesquisa, 67% dos pacientes entrevistados trabalhavam antes do diagnóstico e 88% destes passavam mais de oito horas por dia no emprego. Mesmo após receberem o diagnóstico, a preocupação com o trabalho persistiu e não deu trégua: 30% responderam que um dos maiores temores em relação ao tratamento era que a vida profissional fosse prejudicada.
"O trabalho preenche um tempo e uma energia cada vez maior no cotidiano e ganha um destaque extraordinariamente grande na nossa vida. Os outros setores - principalmente a saúde - acabam sendo sacrificados", afirma o Dr. Arthur Katz, Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Sírio Libanês, São Paulo.
Apesar de ter como base pacientes que enfrentam um momento único em suas vidas - o diagnóstico de câncer de pulmão -, os resultados da pesquisa refletem o quanto os brasileiros negligenciam a própria saúde.
Culpa?
O cigarro, causa direta (e indireta) de várias doenças, é um dos maiores exemplos. Segundo a pesquisa do Instituto Ipsos, 22% da população brasileira tem o hábito de fumar; e mais de 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em decorrência do uso prolongado do cigarro. "O período da vida que as pessoas passam fumando e a quantidade consumida por dia são os diferenciais no risco de adquirir a doença. Uma pessoa que, durante 30 anos fumou cerca de três maços de cigarro/dia, corre mais riscos que alguém que, no mesmo intervalo de tempo, fumou um maço por dia", afirma o médico.
"A culpa aparece especialmente associada ao tabagismo e ao alcoolismo. Esses pacientes tendem a relatar o sentimento de ´O que foi que eu fiz?´; ´Fui eu que propiciei isso?´, diz a paiscóloga Sárvia Abreu, especialista em oncologia, do Instituto do Câncer do Ceará (ICC).
Felizmente, o consumo per capita de cigarro entre os homens caiu em 15% desde 1965. Entre as mulheres a redução foi mais tímida, de menos de 10%. Os dados são uma resposta direta às inúmeras campanhas anti-fumo, e proibições quanto ao uso do cigarro em locais públicos.
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