Em entrevista ao programa Bom Dia Ministro desta quinta-feira (2), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, comentou os resultados do Fórum Social Temático, realizado na última semana, no Rio Grande do Sul, e a perspectiva de desenvolvimento sustentável. Leia abaixo trechos da entrevista, editada pelo Em Questão.
Desenvolvimento sustentável
O Brasil que nós sonhamos não é apenas desenvolvido economicamente. É um Brasil que tem que pensar no seu desenvolvimento sustentável, na maneira de vivermos com a natureza, na maneira de viver com o nosso próximo, sem tanta violência, sem esse egoísmo consolidado e essa competição que torna tantas pessoas infelizes. Sem esse materialismo exclusivo, que reduz a vida meramente ao consumo e à competição. Esse é o desenho básico de um tipo de sociedade fraterna e solidária que queremos construir.
Fórum Social Temático
O Fórum de Porto Alegre preparava a sociedade civil para sua intervenção na Rio+20, já que entendemos que hoje, tão importante quanto a participação dos governos, é a pressão e a participação da sociedade na discussão do tipo de desenvolvimento que vamos ter no mundo. Se é um desenvolvimento consumista, que acaba com a natureza, que explora, e que não prepara o amanhã, o futuro. Ou um desenvolvimento que cuida da natureza e que também faz inclusão social, que combate as desigualdades.
Economia verde
Lá no Fórum se discutiu intensamente a ideia de que o desenvolvimento sustentável é uma responsabilidade do mundo todo. E, na Rio+20, sem dúvida, haverá uma pressão para que todos os países adotem normas e perspectivas de um desenvolvimento sustentável. Se continuarmos nesse consumismo o mundo não tem futuro. Ao mesmo tempo, que seja um mundo socialmente justo, onde o desenvolvimento contemple a inclusão de todos aqueles que foram mantidos à margem da economia e da sociedade até os dias de hoje.
Nova classe média
Esses quarenta e tantos milhões de brasileiros que estavam na exclusão e que, graças às políticas muito corretas, começam a se incorporar ao consumo, a ter direitos que antes lhes eram negados, serão apenas novos consumistas? Pessoas que vão depredar a natureza, que não vão levar em conta a vida em sociedade, ou serão pessoas que serão desafiadas e convidadas a ter uma vida em solidariedade, em fraternidade, pensando na construção de um novo modelo de sociedade no Brasil?
Comunicação democrática
Se não tivermos meios de comunicação que sejam democráticos, onde haja uma ampla participação, e preocupados com essa educação cidadã, fica muito difícil você pensar num projeto para o Brasil. Não há partido e movimento social que seja capaz de fazer uma proposta ampla de um novo tipo de sociedade ética e solidária, no Brasil, sem uma participação, sem uma influência positiva dos meios de comunicação.
Diálogo com os movimentos
A Secretaria-Geral é uma espécie de porta aberta do governo para todas as organizações sociais e movimentos que temos no País. Graças a Deus, eles são muitos. Não esperamos apenas que tragam as pautas de reivindicação, mas organizamos com eles rodadas de conversa, para que apresentem não apenas as suas reivindicações setoriais, mas também a sua contribuição para o governo, para o modelo de País que estamos construindo.
Democracia
E os movimentos são muito combativos. Esse diálogo sempre é muito difícil, porque, enquanto o governo tem limites para realizar aquilo que até o próprio governo gostaria de fazer, a pauta dos movimentos é uma pauta de um sonho de transformar o País, de conseguir a felicidade, a liberdade, enfim, a justiça para todos. Nós fazemos questão absoluta de respeitar a autonomia dos movimentos. Não tem essa história de querer transformá-los em apoiadores do governo.
Pacto da Construção Civil
Agora em fevereiro, empresários, trabalhadores e governo se põem de acordo com condições decentes do trabalho na construção civil. O Pacto Nacional da Construção Civil tem um avanço muito importante: admite a presença de uma organização sindical em cada uma das obras acima de 200 trabalhadores. Essa novidade, temos certeza, vai diminuir os conflitos que há dentro das grandes obras da construção civil. As empresas que aderem a esse pacto se comprometem ao trabalho decente, a evitar qualquer tipo de trabalho constrangedor, na linha da escravidão. Já fizemos o mesmo na cana-de-açúcar. Ainda hoje, tive um depoimento de uma das auditorias que estão sendo realizadas nos canaviais das grandes usinas, onde também as condições de trabalho estão mudando, a partir desse tipo de pacto.
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