Madri, 26 abr (EFE).- Os grupos ambientalistas WWF e Greenpeace
denunciaram nesta quinta-feira a reforma do Código Florestal aprovada pela
Câmara dos Deputados e pediram à presidente, Dilma Rousseff, se oponha às
mudanças que 'põem em perigo' os avanços obtidos na Amazônia.
Em declarações distintas, divulgadas em Madri, as organizações
destacaram que a nova lei é 'um duro golpe' às promessas da presidente
brasileira, que tinha se comprometido a lutar contra a anistia para crimes
florestais do passado.
A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira a reforma
das leis que regulam o uso dos solos e estabeleceram uma redução das áreas
protegidas em favor da atividade agropecuária. A mudança ainda inclui uma ampla
anistia aos fazendeiros que, durante as últimas décadas desmataram ilegalmente
territórios da Amazônia.
'A presidente Dilma prometeu que não toleraria as leis que
promovessem novas ondas de desmatamento ou anistiassem crimes florestais do
passado. Ela sabe que estas mudanças são negativas para o Brasil e para o meio
ambiente. Pedimos que mantenha suas promessas', disse a nota da diretora geral
da WWF Brasil, María Cecilia Wey de Brito.
Na mesma linha, a Greenpeace falou: 'O Brasil deu um passo
decisivo para trás. A aprovação da reforma é uma derrota para a floresta
amazônica e para a presidente Dilma'. O diretor da campanha da Amazônia em
Greenpeace Brasil, Paulo Adario, destacou que o voto do Governo nas mudanças do
Código Florestal contribui para uma má reputação do Brasil como líder global na
luta contra o desmatamento e mudança climática.
A WWF também advertiu que, com a medida, o Brasil não poderá
cumprir seus compromissos internacionais de redução de emissões de CO2 nem as
taxas de desmatamento. De acordo com a organização, a nova legislação poderia
gerar uma perda de mais de 76,5 milhões de hectares florestais, supondo a
emissão de 28 bilhões de toneladas de CO2 à atmosfera.
Sobre a anistia aos fazendeiros, os ecologistas da WWF
alertaram que não só beneficia os proprietários, mas provoca perdas de US$ 4,8
bilhões em multas. Além disso, acrescentaram que a reputação da economia
brasileira sofreria 'um grave prejuízo global'. EFE
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