Presidenta Dilma recebe pauta do
GTB 27/04/2012 | |
A Diretoria da CONTAG
e representantes das 27 Federações dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGs)
entregaram a pauta do 18º. Grito da Terra Brasil (GTB) à presidenta Dilma
Rousseff, na tarde desta sexta-feira (27 de março), no Palácio do Planalto, em
Brasília. Os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da
República) e Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) também participaram da
audiência.
O presidente da CONTAG, Alberto Broch, destacou que a
pauta apresentada representa os interesses e demandas de mais de 20 milhões de
homens e mulheres que vivem no campo brasileiro. “São 18 anos e nunca nenhum
presidente deixou de nos atender. Tivemos momentos bem tensos e outros mais
leves. Portanto, nesse ano, quero tomar a liberdade de relatar o que está
acontecendo em várias regiões do país: de 98 para cá, foram assassinadas 90
lideranças, reflexo dos problemas que enfrentamos com a falta de regularização
fundiária”, informa Broch. Inclusive, o presidente de Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Vilhena (RO) está preso por essa
luta.
Broch aproveitou a oportunidade para reivindicar uma
providência do governo a respeito da representatividade sindical no campo, pois
a CONTAG representa os agricultores e agricultoras familiares com até quatro
módulos rurais. Mas, quem está recebendo a contribuição dos proprietários(as) a
partir de dois módulos rurais é a Confederação Nacional da Agricultura (CNA –
patronal). “No próximo ano a CONTAG fará 50 anos e essa representação cabe a
nós. Por esse motivo, queremos que o governo tenha muito carinho ao analisar
essa questão do sindicalismo brasileiro”, cobra.
O presidente também destacou a importância do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para a criação e implementação de
políticas públicas para os trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país.
“Temos a necessidade de fortalecer o nosso MDA, porque está lidando diretamente
com todo o nosso público. Precisamos de mais gente, de mais estrutura”,
completa.
O sindicalista faz ainda um resumo dos pontos
presentes na pauta, onde são apresentadas propostas de políticas para geração de
renda dos(as) agricultores(as) familiares; para a terceira idade, juventude e
mulheres; para o Plano-Safra; para solucionar o problema da seca no nordeste;
dentre outros. Ele também citou as reivindicações que foram negociadas no GTB do
ano passado e que ainda não foram concretizadas, como a questão do Sistema Único
de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e o projeto de esportes para a
juventude rural. “Mas, nesse ano queremos um formato diferenciado de negociação.
Os pontos principais da pauta devem ser tratados diretamente com os ministros”,
reforça o presidente.
Outro destaque da audiência foi a cobrança do
Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) com relação à
aprovação do novo Código Florestal Brasileiro. Broch cobrou um posicionamento da
presidenta, principalmente quanto à anistia aos desmatadores e à diferenciação
da agricultura familiar. Foi reivindicada ainda a participação efetiva do MSTTR
no Programa Nacional de Educação do Campo (PRONACAMPO), e uma resposta concreta
nos próximos dias à pauta dos Assalariados e Assalariadas
Rurais.
Já a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da
CONTAG, Carmen Foro, enfatizou a importância de o governo estar no processo de
construção da Política Nacional de Agroecologia, que foi uma reivindicação da
Marcha das Margaridas do ano passado, e que será lançada na Rio+20, em junho.
“Mas, um dos pontos que foi anunciado e ainda não foi cumprido é o que determina
a criação de um grupo interministerial para cuidar das creches nas áreas rurais.
Esse não saiu do papel até o momento. Aproveito para me somar ao coro e pedir à
presidenta para vetar alguns artigos do novo Código Florestal, principalmente
para não perdermos o rumo da sustentabilidade”, afirma a
secretária.
Ao iniciar a fala, a presidenta Dilma Rousseff fez um
compromisso de que os ministros Gilberto Carvalho e Pepe Vargas farão um
controle maior para que todas as medidas anunciadas no resultado do GTB e da
Marcha das Margaridas sejam cumpridas. “Isso é extremamente importante para
vocês confiarem em mim e eu em vocês.” A governante disse que a regularização
fundiária, presente na pauta, é uma questão que ela quer implementar, pois é
fundamental para a inclusão social dos agricultores e agricultoras familiares.
Ao tratar da reforma agrária, Dilma reconheceu a
importância da parceria com a CONTAG. “A CONTAG foi o movimento social que mais
avançou nessa política”, reconhece. No entanto, mostrou-se preocupada com o
aumento da pobreza nos assentamentos rurais. Por esse e outros motivos, acredita
ser estratégico trabalhar essa política a partir de três momentos: o primeiro
para identificar os trabalhadores e as trabalhadoras rurais sem-terra; o
segundo, acessar a terra; e o terceiro, oferecer condições para que famílias
assentadas sejam autossustentáveis.
Sobre a disputa com a CNA quanto à representação dos
agricultores até os quatro módulos rurais, a presidenta mostrou interesse em
resolver esse caso. “Vamos analisar essa questão com muito cuidado”, promete. Em
resposta à cobrança do seu posicionamento a respeito da votação do Código
Florestal, Dilma encaminhou para o ministro Pepe a responsabilidade de receber
as sugestões da CONTAG antes dela sancionar ou vetar o texto substitutivo.
“Agora, estudos mostram que o período da seca será longo. Fizemos um encontro em
Aracaju, com os governadores do nordeste, e tratamos de várias questões, como a
bolsa estiagem, crédito, demandas por poços artesianos e carros-pipa, obras
estruturantes e outras medidas necessárias para superar esse problema”,
divulga.
Ao finalizar a audiência e receber a pauta, a
presidenta fez o compromisso de que o governo fará a negociação em tempo hábil
para que o resultado seja anunciado em 30 de maio, na mobilização do GTB, e que
os ministros Gilberto Carvalho e Pepe Vargas coordenarão o processo.
“Finalmente, gostaria de agradecer à CONTAG que é a entidade que mantém uma das
melhores relações com o nosso governo. Aliás, a agricultura familiar é essencial
para o desenvolvimento do nosso país”, declara Dilma.
Foto: Roberto
Stuckert Filho/PR
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Fonte: Imprensa CONTAG - Verônica Tozz
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sábado, abril 28, 2012
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