Brasil defenderá políticas sociais em reunião da ONU
23/05/2012 - 5h56
Daniella
Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Na próxima sexta-feira (25), o país vai defender suas políticas de
combate à pobreza, como o Brasil sem Miséria e o Bolsa Família, durante a
apresentação de relatório à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra
(Suíça), sobre a situação dos direitos humanos. De acordo com a ministra Maria
do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, as políticas sociais têm feito do
Brasil um país mais igualitário.
“Um dos nossos objetivos [em Genebra] é mostrar para o mundo que as políticas
de combate à pobreza no Brasil são de direitos humanos. Milhões de brasileiros
superaram uma das principais violações de direitos humanos da contemporaneidade,
que é viver em condições de pobreza e extrema pobreza”, disse a ministra à
Agência Brasil.
O documento, elaborado pelas autoridades brasileiras e encaminhado ao Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, avalia as políticas
implementadas na área e reúne as ações promovidas pelo governo em 26 áreas. Há
referências à inclusão social, à proteção à livre orientação sexual e religiosa,
ao combate ao trabalho escravo e infantil, ao estímulo à reforma agrária e à
garantia dos direitos dos povos indígenas.
No relatório, o governo apresenta os resultados do esforço de cumprir as 15
recomendações da ONU e dois compromissos voluntários que garantem a proteção dos
direitos humanos. Todos os 193 países-membros das Nações Unidas são submetidos
ao mecanismo a cada quatro anos e meio, o que representa uma inovação do sistema
internacional de proteção dos direitos humanos. O relatório faz um balanço das
medidas tomadas entre abril de 2008 e dezembro de 2011.
Outro ponto que será destacado é o fortalecimento dos instrumentos
democráticos no país, como a implementação da Lei de Acesso à Informação e a
instalação da Comissão da Verdade. “Sem democracia, não existem direitos
humanos. Na apresentação do relatório, vou destacar que a Comissão da Verdade
não terá intervenção do governo. A presidenta Dilma considera a Comissão da
Verdade uma comissão de Estado, que está em um patamar diferenciado e tem
autonomia”.
Os desafios do Brasil na área de direitos humanos também serão relatados à
ONU. Para Maria do Rosário, os problemas que envolvem o sistema penitenciário
brasileiro, como a superlotação e as torturas, ainda são os que mais desafiam o
governo. Atualmente, o país tem 306 mil vagas para uma população carcerária de
514,5 mil presos, sendo que desses, 173 mil são provisórios. “Temos metas a
serem alcançadas até 2014. A primeira delas é eliminar o déficit de vagas no
sistema carcerário. A segunda é reduzir consideravelmente a quantidade de presos
em delegacias e distritos policiais”, disse.
A federalização de crimes de direitos humanos também está entre os assuntos
desafiadores, pois, segundo a ministra, as investigações e os processos nessa
área têm sido lentos. Apenas o caso do assassinato do defensor de direitos
humanos Manoel Matos, na Paraíba, foi federalizado. “Gostaríamos de ter uma
resposta mais efetiva, mas dependemos das investigações”.
Para ela, existe uma cultura policial que ainda trata esses crimes de forma
inadequada. “As polícias estaduais ainda são o nosso grande desafio. A Polícia
Federal tem um núcleo de direitos humanos e a Polícia Rodoviária Federal está
atenta à questão da exploração sexual de crianças e adolescentes nas
estradas”.
O documento, denominado 2º Relatório Nacional do Estado Brasileiro,
apresentado no Mecanismo de Revisão Periódico Universal do Conselho de Direitos
Humanos das Nações Unidas - 2012, pode ser lido na íntegra no site da
Secretaria de Direitos Humanos. “O mecanismo é importante não apenas porque nos
dirigimos ao conselho de direitos humanos das Nações Unidas, mas ao nosso
próprio país. É um processo que nos fortalece para fazermos o que deve ser feito
dentro do Brasil”, acrescentou a ministra.
Edição: Graça Adjuto
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