Ex-delegado do Dops diz a Comissão da Verdade que incinerou
corpos em usina
Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o ex-delegado do
Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra reafirmou os
crimes que cometeu durante a ditadura militar (1964-1985). Entre as denúncias,
relatadas no livro Memórias de uma Guerra Suja, está a incineração de
corpos de militantes de esquerda na Usina Cambaíba, em Campos dos Goytacazes, no
norte do Rio de Janeiro.
De acordo com o coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, durante a
oitiva, Guerra sugeriu que o grupo ouvisse algumas pessoas citadas por ele no
livro. Em entrevista ao programa Observatório da Imprensa, da TV
Brasil, Guerra fez um apelo aos militares que atuaram com ele durante o
regime militar para que falassem sobre os crimes cometidos.
As denúncias de incineração de cadáveres feitas por Guerra estão sendo
investigadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Perguntado
sobre a possibilidade de as investigações atrapalharem os trabalhos da Comissão
da Verdade, Dipp disse apenas que é necessário esclarecer que o grupo não é
jurisdicional ou persecutório, nem trabalha visando a fornecer dados para o
Ministério Público.
“O Ministério Público trabalha numa linha própria e eu não conheço nenhum
detalhe. Se vai prejudicar, em um momento desses as pessoas podem ter algum
temor”, disse o ministro.
Dipp informou ainda que pretende convocar o tenente-coronel reformado Paulo
Malhães, que em entrevista ao jornal O Globo nesta segunda-feira (25),
disse que jacarés e uma jiboia eram usadas para torturar presos políticos. “Em
uma conversa informal, demonstrei minha opinião de que devemos ouvi-lo.
[Malhães] é alguém que estará na nossa pauta para oitiva”.
Edição: Rivadavia Severo
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