Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) fez a exumação de dois restos
mortais na região dos estados do Tocantins e do Pará durante a última expedição,
que ocorreu entre os dias 10 e 20 de junho. Os despojos foram transportados de
Marabá (PA) para Brasília, onde serão periciados. Durante os quatro anos de
trabalho do grupo, 19 restos mortais foram localizados.
O primeiro resto mortal encontrado este mês foi retirado do cemitério de
Xambioá, em Tocantins, e o segundo, da área conhecida como Abóbora, situada no
município de São Geraldo do Araguaia, no Pará. Segundo o coordenador do GTA pelo
Ministério da Defesa, Sávio Andrade, os restos mortais vão passar por uma
análise inicial do Instituto Médico-Legal e do Instituto Nacional de
Criminalística da Polícia Federal, em Brasília.
Os despojos passarão por exames antropométricos e por extração de DNA. Após a
perícia, eles serão armazenados no Hospital Universitário de Brasília, onde
estão os outros restos mortais encontrados pelo grupo. Para Sávio Andrade, no
entanto, a identificação dos restos mortais encontrados na região onde ocorreu a
Guerrilha do Araguaia ainda é um desafio, pois faltam instrumentos precisos para
fazer o reconhecimento com base no banco de DNA de Mortos e Desaparecidos
Políticos brasileiros.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), a identificação dos
restos mortais encontrados é lenta, apesar de o Brasil dispor de tecnologia
compatível com a dos melhores laboratórios do mundo. Segundo a pasta, o avançado
estágio de degradação do material orgânico dificulta a extração de DNA e, assim,
a identificação dos perfis genéticos.
O banco de amostras de material genético de parentes de desaparecidos
políticos foi criado em 2006. O trabalho da Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos da SDH concentrou-se, inicialmente, na obtenção de amostras de DNA
dos desaparecidos da guerrilha. Partiu-se, portanto, dos desaparecidos do
Araguaia que ainda não dispunham de amostra. As últimas coletas realizadas
referem-se àqueles parentes com quem foi possível estabelecer contato e que
aceitaram fazer a doação de amostra de material genético.
A secretaria informou que o Banco de DNA de parentes de desaparecidos da
guerrilha que aceitaram doar amostra de material genético está completo. Além
desses, existem os parentes dos demais desaparecidos políticos brasileiros, cujo
processo de coleta de material continua em curso.
Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal Solange Salgado determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região. Para cumprir a determinação judicial, o Ministério da Defesa criou o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) com o objetivo de localizar, recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia.
Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal Solange Salgado determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região. Para cumprir a determinação judicial, o Ministério da Defesa criou o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) com o objetivo de localizar, recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia.
Em 2011, o grupo foi reformulado e ampliado e passou a ser conhecido como
Grupo de Trabalho Araguaia. A coordenação é feita conjuntamente pelo Ministério
da Defesa, o Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos. Parentes
dos mortos e desaparecidos da guerrilha e representantes do Ministério Público
Federal (MPF) também acompanham os trabalhos.
A primeira expedição deste ano já ocorreu. De acordo com Sávio Andrade, foram
feitas escavações e reconhecimentos em Xambioá (Tocantins) e em São Geraldo do
Araguaia (Pará). As atividades do grupo devem ser retomadas no próximo dia 8.
“Além desses dois municípios, temos atividades para desenvolver em Marabá
(Pará). O planejamento específico ainda não foi definido”.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político no começo da década de
1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar. Guerrilheiros e militares
foram mortos em combates na selva amazônica. Até hoje, dezenas de participantes
do movimento estão desaparecidos.
Edição: Graça Adjuto
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