Rio+20 acaba hoje com balanço positivo para o Brasil, mas
polêmico para movimentos sociais.
Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Enviadas Especiais
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Rio de Janeiro – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, será encerrada hoje (22), por volta das 15h, com a
divulgação do documento final, contendo 49 páginas, denominado O Futuro Que
Queremos. O balanço dos dez dias de discussões divide opiniões. Autoridades
brasileiras consideram um avanço a inclusão do desenvolvimento sustentável com
erradicação da pobreza, enquanto movimentos sociais e alguns líderes
estrangeiros condenam a falta de ousadia do texto.
O tom de crítica deve predominar nesta sexta-feira, pois as organizações não
governamentais (ONGs) que promoveram vários protestos durante a conferência
prometem uma manifestação para hoje. Nela, será apresentado um balanço das
discussões e recomendações apresentadas no texto final a ser aprovado pelos
chefes de Estado e Governo.
O chefe da delegação do Brasil na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago,
reiterou que o saldo da conferência é positivo. “O principal saldo foi fazer com
que o desenvolvimento sustentável se transforme em paradigma em todos seus
aspectos - social, ambiental e econômico”, disse.
Porém, para as ONGs, faltou ousadia por parte das autoridades na exigência de
definições claras sobre responsabilidades específicas, repasses financeiros,
discriminação de prazos para a adoção de medidas e a ampliação de poderes do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
No Riocentro, local das discussões políticas, os protestos foram mais
discretos do que os que dominaram as ruas do Rio de Janeiro. No entanto, houve
uma exceção. Em frente ao Pavilhão 5, destinado às reuniões dos chefes de Estado
e Governo, além dos ministros, o gaúcho Aristide Souza Maltoni Júnior fez uma
manifestação solitária ontem em protesto ao que chamou de “metas pouco
concretas” da Rio+20. O manifestante gritava palavras de ordem para chamar a
atenção das autoridades.
As discussões mostraram ainda que as divergências econômicas estão presentes
também nos debates polítcos e ambientais. Os negociadores dos países
desenvolvidos e em desenvolvimento entraram em vários conflitos, principalmente
os que envolviam recursos. A União Africana (formada por 54 países) foi um dos
blocos que mais reagiram às restrições impostas pelos países desenvolvidos.
“Não há um grupo de negociadores que tenha admitido ganhar em tudo. O Brasil
conduziu muito bem os temas divergentes. Depois, chegamos a um acordo e agora
temos um caminho. Mas o documento ainda é muito grande”, disse o ministro do
Desenvolvimento, Economia Florestal e Meio Ambiente do Congo, Henri Djombo.
Paralelamente, os líderes políticos estrangeiros discursavam na sessão
plenária e debatiam o conteúdo do documento final. O texto ratifica que os temas
polêmicos e sem consenso ficarão para uma próxima cúpula. Os aspectos sociais
são destacados, ressaltando o esforço conjunto para a erradicação da pobreza, a
melhoria na qualidade de vida e o homem no centro das preocupações.
O documento tem 49 páginas, menos uma em relação à versão anterior, sendo que
inicialmente o texto chegou a ter 200 páginas. O documento está dividido em seis
capítulos e 283 itens. Os capítulos mais relevantes são os que tratam de
financiamentos e meios de implementação (relacionados às metas e compromissos
que devem ser cumpridos).
Edição: Graça Adjuto
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