“Muitas vezes as pessoas se chocam quando veem o racismo colocado explicitamente, mas é essa cara feia mesmo que ele tem”
- Crédito: Agência Brasil
Em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, na última quarta-feira (25), a ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, conversou com âncoras de emissoras de rádio de todo o País. Na pauta, a efetivação do Estatuto da Igualdade Racial, que completa dois anos, o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha e questões relativas à população negra, como mercado de trabalho e combate ao racismo e à discriminação. Leia abaixo trechos da entrevista, editada pelo Em Questão.
Discriminação
Muitas vezes as pessoas se chocam quando veem o racismo colocado explicitamente, mas é essa cara feia mesmo que ele tem. Até bem pouco tempo, essas manifestações eram reprimidas, escondidas. Hoje, nenhuma mãe de criança negra aceita mais que sua filha ou seu filho seja discriminado sem denunciar isso.
Racismo e inclusão
Nós estamos experimentando um processo, ainda que gradual, de inclusão da população negra em determinados espaços e infelizmente, a tendência é que o racismo aumente. A presença das pessoas negras em lugares onde normalmente ou historicamente elas não frequentavam, aumenta esse tipo de reação.
Mercado de trabalho
A presença da mulher negra no mercado de trabalho ainda é muito marcada pelo fato de o trabalho doméstico representar a ocupação que absorve um maior número de mulheres negras. São cerca de sete milhões de trabalhadores domésticos em todo o Brasil e desses, pelo menos seis milhões são mulheres e a maioria é negra.
Cotas
Temos um bom caminho andado naquilo que se refere às cotas no ensino superior no Brasil. O nosso trabalho, agora, tem sido no sentido de fazer com que isso se realize também com relação à questão do emprego e esse processo tem começado pela reserva de vagas nos concursos públicos.
Emprego e renda
As diferenças do rendimento médio entre negros e brancos, se devem ao fato de a maioria dos trabalhadores negros estar inserida em ocupações cujo salário é menor. Temos que fazer um investimento no combate a posturas discriminatórias no mercado de trabalho e em educação, para que os negros se coloquem em posição de disputar posições mais valorizadas.
25 de Julho
O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha (instituído em 1992) tem um significado importante para todos nós. A data tem esse poder de resgatar o que é a participação das mulheres negras nessa história recente.
Denúncias
O Ministério Público é sempre uma porta aberta para o acolhimento de denúncias. A Seppir tem a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, que pode ser acessada pelo número (61) 2025-7000. Não há nenhuma restrição de tipo de caso, das circunstâncias em que ele ocorre.
Educação anti-racista
Existe, desde 2003, uma lei que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando obrigatório o ensino da história, da cultura africana e afro-brasileira. Existe no governo federal um trabalho do Ministério da Educação para fazer com que essa obrigatoriedade seja observada pelas secretarias estaduais e municipais. Nós dependemos também da mobilização de pais e mães, porque não é apenas a ação do governo que pode contribuir para o combate ao racismo.
Olimpíadas
O plano de ação conjunto Brasil e Estados Unidos deu essa possibilidade para que a experiência das Olimpíadas de Atlanta pudesse ser trazida para nós. Atlanta é um exemplo de como foi possível criar toda uma cadeia de relações, no sentido de fazer com que a preparação para os jogos criasse um dinamismo econômico no interior da população negra.
Obras
Em todos os grandes contratos de construção (para as Olimpíadas de Atlanta), havia a obrigatoriedade de trazer a subcontratação de empresas menores, comandadas por pessoas negras.
Comunicação social
Também fizeram uma experiência bastante interessante do ponto de vista da questão da comunicação, convocando jovens negros, estudantes de comunicação de várias universidades para comporem, junto com todas as outras emissoras de rádio e de televisão, equipes com a participação efetiva de jovens negros.
O programa é transmitido ao vivo pela TV NBR e pode ser acompanhado napágina da Secretaria de Imprensa da Presidência da República.
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