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Problemática agrária brasileira é tema de
debate | |||
A CONTAG
participou na manhã dessa sexta (29) como expositora da mesa de debate sobre
“Estado atual e perspectivas da reforma agrária e da política agrária”,
coordenada por Brancolina Ferreira no seminário sobre A Atual Problemática
Agrária Brasileira e o Papel da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
A Via Campesina também participou da discussão.
Alessandra
Lunas, vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da CONTAG
representou a confederação e falou sobre as novas modalidades que mascaram as
ocupações no campo, referindo-se aos arrendamentos especulativos de longa
duração, praticados por representantes do agronegócio, com contratos que chegam
a 50 anos. “A família de agricultores que fez um contrato com essa longevidade
nunca mais voltará para essa terra, que já estará devastada”, disse,
referindo-se aos estragos promovidos pelas monoculturas. Lunas narrou também
casos de desapropriações indevidas feitas a famílias com mais de 25 anos numa
terra, como o que vem acontecendo no Cone Sul de Rondonia. Temas como a
violência no campo e a situação caótica em que se encontram os órgãos de governo
(dando o exemplo do Incra) também foram abordados por ela. “Tudo isso nos coloca
diante de um grande desafio. Chegamos a um momento extremamente difícil e
precisamos unificar nossas lutas, porque a problemática do desenvolvimento no
campo precisa ser pensada em conjunto, não podendo ser tratada como um problema
exclusivo do campo, porque se trata de soberania e segurança alimentar e, por
isso, necessitamos nos ajudar mutuamente”. Encerrando sua análise, Alessandra
tratou da questão dos assalariados e assalariadas rurais, criticando a ausência
de respostas concretas do governo federal à pauta de reivindicações da
categoria. Segundo ela os sinais de crescimento da economia no setor não se
refletem na vida dos trabalhadores, denunciando a mecanização no setor da
cana-de-açúcar como grande vilã quanto ao número de desempregos, este que vem
gerando um grande bolsão de miséria, já anunciado para acontecer em um curto
prazo de tempo no campo: “É uma situação gritante e que, efetivamente, as
políticas públicas ainda não enxergaram, pois o próprio Programa Brasil Sem
Miséria não contém políticas voltadas para este setor. Não basta um selo social,
sem a garantia de melhorias nas condições de vida dos
trabalhadores”.
Os
representantes das organizações sociais estão reunidos desde ontem, quando
analisaram o padrão de acumulação de capital pelo setor primário (agronegócio) e
debateram sobre os movimentos sociais agrários e as estratégias campesinas –
estado atual e perspectivas, com a proposta de fortalecimento da atuação
conjunta dos movimentos sociais em prol de uma reforma agrária que contemple não
só a garantia do acesso a terra, mas também políticas públicas voltadas a um
efetivo desenvolvimento sustentável no meio rural brasileiro. Uma assembleia
geral da ABRA sucedeu-se ao debate. O seminário se encerrou no final da manhã
dessa sexta (29), com um almoço.
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Fonte: Imprensa CONTAG - Maria do Carmo de Andrade Lima |
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segunda-feira, julho 02, 2012
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