PRA INICIO DE CONVERSA -09/10/2012
01-. Policial militar divulga artigo sobre
a perturbação do sossego alheio.
O tenente-coronel Mario Renato Erzinger,
comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Canoinhas, escreveu um artigo
que trata sobre a perturbação do sossego alheio. O artigo, requisito
necessário para a conclusão do curso de Pós Graduação em Administração em
Segurança Pública pela Unisul, esta sendo disponibilizado pelo autor para
consulta. Confira, na íntegra, o artigo publicado.
ARTIGO
Perturbação do Sossego Alheio. Onde começa
e onde termina o seu Direito
A necessidade humana de permanecer vivendo
em grupos, com o objetivo de ajuda mútua, trouxe, indubitavelmente, muitas
vantagens para nossa sociedade, mas também muitos problemas de convivência,
como por exemplo, a perturbação do trabalho e do sossego, causada, muitas
vezes, por nossos próprios vizinhos. É o volume do som da casa ou do
apartamento ao lado que está muito alto, é a reforma da casa de outro vizinho
que vai noite adentro, são veículos potencializados com instrumentos sonoros,
são animais que fazem muito barulho à
noite, são as indústrias ruidosas, ou, até mesmo, na maioria dos casos
gritaria e algazarra, principalmente em frente a Clubes e Danceterias. As
situações que podemos encontrar são infinitas e cada pessoa tem uma história
a este respeito para relatar.
Foram geradas no Centro de Operações da
Polícia Militar(COPOM), do 3º BPM, 805 ocorrências de Perturbação do Trabalho
e Sossego Alheio do dia 1º de janeiro a 30 de dezembro de 2010. Muitos
Policiais Militares são deslocados para atender ocorrências desta natureza,
de difícil resolução, ante os conflitos gerados, decorrentes de pseudos direitos
que algumas pessoas insistem em ter. Os recursos materiais e humanos são
empregados para esse fim, deixando muitas vezes de se proceder o Policiamento
Ostensivo Preventivo, tão reclamado pelas comunidades em geral.
A questão do excesso de ruídos, de modo
geral, toma proporções indevidas quando um indivíduo a pretexto de se
divertir ou trabalhar, acaba invadindo com seus ruídos, o modo de vida de
outrem, que se vê compelido a interromper uma leitura, um descanso, um lazer
ou mesmo um trabalho. Muitas pessoas acabam ampliando o direito, a liberdade
de viver de forma pacífica e respeitosa para com a sociedade, para o "eu
posso tudo em nome do meu divertimento ou trabalho". Esquecem-se de que
outras pessoas também tem o direito de
se divertir e trabalhar, estudar e principalmente, descansar. Sucede que
grande parte das pessoas que perturbam seus vizinhos desconhece as leis
acerca do assunto, e cometem esta contravenção potencializados com um
ingrediente usual nestes casos, as bebidas alcoólicas.
Existe em nossa sociedade um conceito, uma
crença generalizada de que a produção de ruídos é permitida, por alguma lei
até as 22 horas. No entanto, é uma crença falsa, baseada apenas em ditos
populares ou interpretação equivocada de alguma lei. As pessoas desconhecem
que 22 horas é um limite "usual" para os ruídos que estão presentes
no cotidiano apenas, e não para todo e qualquer tipo de barulho. O que é
realidade em nossa legislação é que o excesso de barulho ou ruído é proibido
em qualquer horário, mesmo que seja ao meio-dia. Nestes casos configura-se o
exagero por parte do perturbador, que pode refletir tanto na intensidade
quanto a duração do ruído. Quem sofre esse tipo de perturbação, acaba tendo
seu estado de ânimo alterado, caracterizada por crises de nervosismo,
descontrole , insônia, stress, até a configuração de doenças psicológicas,
muito comuns nos dias atuais.
Como muitas vezes não são 22 horas, as
discussões são inevitáveis, já que as duas partes, teoricamente, passam a ter
razão sob seus pontos de vista. Como ambos desconhecem a lei, persistem cada
um na "sua" razão até que em determinado momento acaba ocorrendo
algo mais grave: uma outra infração penal, já que perturbação também é uma
infração penal e esta já estava ocorrendo. Homicídios, lesões corporais,
danos patrimoniais, vias de fatos etc.,
são cometidos por pessoas que jamais tiveram problemas com a justiça e
que, infelizmente, diante das circunstâncias, passam a fazer parte das
estatísticas criminais deste país. Em decorrência desse e de outros fatos
semelhantes, mister se faz uma divulgação, uma conscientização da nossa
população acerca de direitos e deveres entre as pessoas no tocante à produção
de ruídos. Perturbar o trabalho ou o sossego alheio é contravenção penal
prevista no artigo 42 da Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941, que dispõe:
Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego
alheio:
I – com gritaria e algazarra;
II – exercendo profissão incômoda ou
ruidosa, em desacordo com as prescrições legais;
III – abusando de instrumentos sonoros ou
sinais acústicos;
IV – provocando ou não procurando impedir
barulho produzido por animal de que tem guarda;
Pena – prisão simples de 15 (quinze) dias a
3 (três) meses ou multa."
Os Policiais Militares são orientados a
usar o “Bom Senso”, e a ordem inicial é para que seja cessada esta conduta
por parte do infrator. É confeccionado o Termo Circunstanciado e encaminhado
as partes para o Juizado Especial Criminal, ante a constatação da veracidade
da denúncia, e em casos mais graves, a condução para a Delegacia de Polícia.
Por fim, nosso objetivo enquanto instituição, não é o de cercear a liberdade
de trabalho ou lazer das pessoas, mas esclarecer e garantir que estas atividades sejam
efetuadas dentro das normas de convivência pacífica, para que todos possam
usufruir de melhor qualidade de vida e evitar conflitos que possam terminar
até em crimes extremos, como, infelizmente, tem ocorrido em nossa sociedade.
Mario Renato Erzinger
Ten Cel PM Cmt do 3º BPM
Pós Graduado em Administração em Segurança
Pública- Unisul.
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