01-. Qual a diferença entre ditadura, democracia
e socialismo?
Ditadura é o regime político caracterizado
por ser o oposto à democracia. Podem existir regimes ditatoriais de líder
único (como os regimes provenientes do Nazismo, do Fascismo e do socialismo
real) ou coletivos (como os vários regimes militares que ocorreram na América
Latina durante o século XX).
Com o ressurgimento da democracia no século
XIX, o termo ditadura tem o significado de oposição à democracia, onde o
modelo democrático-liberal deixa de existir e a legitimidade passa a ser
questionada, pois as ditaduras modernas são um movimento totalitário com a
supressão dos direitos individuais e a invasão pelo Executivo dos demais
poderes constituídos, (legislativo, judiciário, ou equivalentes). Esta
invasão se dá pela força, e a supressão das liberdades individuais passa a
ser por decreto. O regime ditatorial se baseia num líder ou em pequeno grupo
que exerce o poder absoluto sem prestar contas aos governados,
independentemente de sua aprovação ou não.
Democracia é um regime de governo onde o
poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo),
direta ou indiretamente, por meio de eleitos representantes — forma mais
usual.
Numa frase famosa, democracia é o
"governo do povo, pelo povo e para o povo".
Democracia opõe-se à ditadura e ao
totalitarismo, onde o poder reside numa elite auto-eleita.
Democracias podem ser divididas em
diferentes tipos, baseado em um número de distinções. A distinção mais
importante acontece entre democracia direta (algumas vezes chamada
"democracia pura"), onde o povo expressa sua vontade por voto
direto em cada assunto particular, e a democracia representativa (algumas
vezes chamada "democracia indireta"), onde o povo expressa sua
vontade através da eleição de representantes que tomam decisões em nome
daqueles que os elegeram.
Outros itens importantes na democracia
incluem exatamente quem é "o Povo", isto é, quem terá direito ao
voto; como proteger os direitos de minorias contra a "tirania da
maioria" e qual sistema deve ser usado para a eleição de representantes
ou outros executivos.
O Socialismo clássico é um sistema político
onde todos os meios de produção pertencem ao Estado, onde não existe o
direito à propriedade privada e, em tese, a desigualdade social.
A expressão socialismo foi consagrada por
Robert Owen em 1841, terá sido pela primeira vez utilizada com uma certa
precisão por Pierre Leroux, em 1831, seguido de Fourier, 1833, depois de
começar a circular por volta de 1820.
Ao longo de décadas, o chamado Socialismo
realmente existente alterou profundamente a semântica do termo
"Socialismo", que hoje é erroneamente associado por alguns ao
totalitarismo e ao desrespeito a certos direitos humanos. O desafio que
enfrentam alguns teóricos de hoje, notadamente os de orientação revisionista,
é associar a idéia de socialismo à democracia (luxemburguismo) e devolver
valores humanísticos em seus ideais, que apesar de serem incluídos na teoria
marxista original, nunca foram postos em prática. De fato, atualmente, muitas
correntes de pensamento divergem acerca do socialismo. Algumas não crêem que
as experiências taxadas de socialistas (URSS sendo o maior exemplo) possam
realmente ser assim consideras por não terem se mantido fiéis a proposta dos
pensadores originais, outras consideram necessária a adequação do socialismo
ao contexto atual, e crêem que tanto as definições dos pensadores originais
como o socialismo posto em prática não se adequam à atualidade. O grande
consenso que há entre essas diversas correntes de pensamento, nos tempos de
hoje, é o de trabalhar para alcançar a justiça social, o que faz com que as
definições clássicas de socialismo, bem como as publicações a seu respeito,
sirvam mais como orientação histórica do que como "manuais
ideológicos" ou definições exatas (pelo menos para a maioria dos
pensadores), sendo assim alguns críticos do socialismo clássico (e aí se
incluem não apenas defensores de outros sistemas político-econômicos, mas
também uma significativa parcela dos socialistas modernos) acreditam que o
modelo de transição proposto por Marx em sua teoria não tenha mais fundamento
nos tempos de hoje.
As diferentes teorias socialistas surgiram
como reação ao quadro de desigualdade, opressão e exploração que enxergavam
na sociedade capitalista do século XIX, com a proposta de buscar uma nova
harmonia social por meio de drásticas mudanças, como a transferência dos
meios de produção das classes proprietárias para os trabalhadores. Uma consequência
dessa transformação o longo prazo seria o fim do trabalho assalariado e a
substituição do mercado por uma gestão socializada ou planejada, com o
objetivo de adequar a produção econômica às necessidades da população, assim
chegando ao comunismo. Tais mudanças exigiriam necessariamente uma
transformação radical do sistema político. Alguns teóricos postularam a
revolução social como único meio de alcançar a nova sociedade. Outros, como
os social-democratas, consideraram que as transformações políticas deveriam
se realizar de forma progressiva, sem ruptura, e dentro do sistema
capitalista.
Entre os críticos do socialismo podemos
citar o economista Ludwig Von Mises, que define o socialismo como sendo um
sistema econômico em que um indivíduo ou grupo de indivíduos de uma sociedade
controla todos os outros indivíduos através da coerção e compulsão
organizada. Um exemplo de governo totalitário nesses moldes foi a URSS
durante o regime de Josef Stalin, cujo governo é acusado de ter provocado a
morte de milhares de militantes do próprio socialismo (ver em Stalinismo).
No aspecto político, o socialismo, tal qual
qualquer sistema de classes, tem um Estado para garantir o domínio da classe
proprietária sobre as demais (ex.: o feudalismo tinha uma estrutura estatal
que garantia o domínio dos senhores feudais; o capitalismo tem um estrutura
estatal que garante o domínio dos proprietários/capitalistas). O Estado
socialista caracteriza-se pelo domínio dos trabalhadores. Mas, como todo
Estado, ele tem formas diferentes de relações entre as diversas instituições.
Podemos definir basicamente duas formas de regime num Estado socialista: as
democracias operárias e os Estados Operários Burocráticos. As democracias
operárias caracterizaram-se por um alto controle dos trabalhadores sobre a
planificação econômica (controle operário); a criação de mecanismos de controle
pela base; a fusão dos poderes executivos e legislativos; a revogabilidade
permanente dos mandatos, indicados pelos organismos de base; a eleição direta
via organismos para todos os cargos (inclusive militares), com cláusulas de
impedimento de reeleição; separação do Estado e partido; ampla liberdade
entre os trabalhadores para expressarem suas posições, à excepção dos casos
de sublevação armada. Os regimes de Estado Operário Burocrático eram
caracterizados pelo domínio de uma casta burocrática; a supressão, ou
manutenção apenas na forma, dos organismos de base; a planificação por essa
burocracia, sem controle operário; e alta hierarquização no seviço público;
fusão de Estado e partido; supressão da liberdade de imprensa. O primeiro
pode ser encontrado como experiência histórico em caráter embrionário no
processo conhecido como Comuna de Paris, em 1871 e, no Estado Russo
pós-revolução de outubro, até a ascensão de Stálin. O segundo, no Estado
Russo a partir de Stálin, na China, Coréia do Norte, Cuba, e no Leste
Europeu. É interessante observar que os dois regimes não são tão semelhantes
como era de se esperar (já que ambos recebem o rótulo de socialistas) e que o
Estado Operário Burocrático foi duramente criticado e rechaçado por Trotsky,
um conhecido pensador socialista. Esse exemplo serve bem para ilustrar como o
pensamento socialista pode tomar formas diferentes e frequentemente
conflitantes.
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quinta-feira, outubro 25, 2012
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