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domingo, dezembro 02, 2012

Matéria do Jornal de Fato Mossoró/RN


Policarpo não fez “mau jornalismo”; Cometeu um crime


Crispiniano Neto, Colunista do Jornal de Fato

O deputado federal Dr. Rosinha, do PT do Paraná define muito bem o que está acontecendo na relação promíscua entre a imprensa golpista e o crime organizado sob o comando de Carlinhos Cachoeira. “Este é o retrato sem retoques de como se faz um jornalismo sem ética, um jornalismo que, para destruir determinado alvo ou determinado projeto político, não hesita em violar as leis, a Constituição e a própria dignidade dos cidadãos.”
É dessa forma que o incisivo texto do relatório final da CPI do Cachoeira define a relação de Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar uma quadrilha com tentáculos no poder público e na mídia. O jornalista da CBN, Kennedy Alencar, em comentário sobre a CPI, disse que o relatório final não apresenta provas contra Policarpo. Para Alencar, Policarpo não cometeu nada além de “mau jornalismo”. “E mau jornalismo não é crime”, afirma. De fato, não é, embora isso também seja bastante questionável. Mas o que emerge do relatório final é muito mais do que “mau jornalismo”. Só um corporativismo ancestral pode explicar a declaração de Kennedy Alencar. No relatório, Policarpo Jr. aparece encomendando grampos clandestinos e pedindo ajuda para devassar, sem autorização legal, a intimidade de um cidadão brasileiro (no caso, Zé Dirceu, quando hospedado em um hotel de Brasília). Em troca desses “pequenos favores”, Policarpo fazia o papel de assessor de imprensa da organização chefiada por Cachoeira: publicava o que lhes era conveniente e omitia o resto. Assassinava reputações e promovia jagunços de colarinho branco, como o ex-senador Demóstenes Torres, também integrante da organização, a exemplos éticos a serem seguidos pelas próximas gerações. Quando a Delta não foi beneficiada por uma licitação para a pavimentação de uma rodovia federal, Cachoeira acionou Policarpo para, através de uma reportagem da Veja, “melar” a licitação. Posteriormente, como os interesses da Delta continuaram a ser negligenciados, Cachoeira e Policarpo montaram uma ofensiva para derrubar o ministro dos Transportes – o que acabaram por conseguir. Em troca, quando lhe interessava, Policarpo solicitava à organização criminosa que, por exemplo, “levantasse” as ligações de um deputado. Tudo isso está no relatório final, provado através das ligações interceptadas pela PF com autorização judicial. Não é “mau jornalismo” apenas. É crime. Continuemos nas Notas Curtas.
Provas incontestes
“Não se pode confundir a exigência do exercício da responsabilidade ética com cerceamento à liberdade de informar. Os diálogos revelam uma profícua, antiga e bem azeitada parceria entre Carlos Cachoeira e Policarpo Júnior”, diz o relatório. Policarpo não é o único jornalista envolvido com a organização de Cachoeira, mas é sem dúvida o que mais fundo foi neste lodaçal. Durante a CPI, não foi possível convocá-lo para depor, porque não havia condições políticas para tanto. Agora, porém, as provas falavam alto.
Investigar
Porém as questões políticas, como a necessidade de aprovar o relatório, mais uma vez se interpuseram. Assim como feito em relação ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foi necessário retirar as menções a Policarpo do documento. O relator entendeu, e eu o compreendo e defendo, que Policarpo, perto do governador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás, é secundário. Mas, ser secundário não afasta a necessidade de a Polícia Federal continuar a investigá-lo, e espero que o faça, mesmo com seu nome não constando no relatório. Afinal, todo suspeito deve ser investigado.
Vergonha
Natal chegou ao rés do chão. Do chão sujo. Necessário está sendo pedir socorro ao Governo do Estado para limpar as ruas de uma capital turística, às vésperas da Copa do Mundo, da qual, Natal será uma das sedes de jogos. Chega-se ao cúmulo de pedir socorro às forças armadas, ou seja, no duro, no duro, uma operação de guerra. Tudo isso explica o caos a que chegou a administração de Micarla de Souza, a candidata que recebeu as bênçãos de José Agripino e de uma reca de políticos doentemente direitistas para derrotar Fátima Bezerra do PT. O mais grave é o silêncio cúmplice da mídia. Por muito menos a imprensa do Ceará detonou a grande figura humana e militante histórica das lutas do povo, Maria Luiza Fontenelle. Agora, a mídia pôs a boca num saco, ficou vergonhosamente calada. E, como se não bastasse, agora, elogia a “Operação Limpeza”, sem fazer uma análise minimamente séria sobre a aberração que foi deixar Natal chegar a este ponto. Mas a prefeita não era do PT. Então pode tudo. Todo tipo de sujeira...

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