A relação dos políticos brasileiros com o dinheiro sempre foi uma grande fonte de preocupações e uma incrível mola propulsora de escândalos e processos criminais que, invariavelmente, não dão em nada graças aos eternos recursos e a leniência quase compactuante dos tribunais.
Muita gente tem a tese de que o serviço político deveria ser voluntário em nosso país. Certamente, apenas os inocentes de coração puro acham que isso resolveria. Mas, aí vai um alento. No início de nossa história, ser político era mesmo um sinônimo de voluntariado.
Mas hoje não. Salvo honrosas exceções, os políticos brasileiros gostam mesmo é do dinheiro fácil e da sensação de poder que acompanha o cargo. Graças aos inúmeros dispositivos criados por eles mesmos, cometem toda a sorte de crimes e escapam impunes e ilesos de qualquer tentativa de colocá-los atrás das grades.
Um exemplo clássico disso são os políticos que iniciaram suas vidas públicas como humildes lavradores, operários, sindicalistas, servidores públicos de baixo escalão, etc… Alguns deles, praticamente analfabetos, não tinham recursos sequer para custear suas campanhas. Eram bancados por caciques locais ou mesmo pelo povo de pequenas cidades que acreditava em suas propostas e ideais.
Contudo, depois de alguns mandatos; os antigos operários, lavradores e sindicalistas converteram-se em milionários. Em muito pouco tempo, conseguiram juntar um patrimônio que muitos cidadãos levam uma vida inteira de trabalho para reunir. E, mesmo os ricos empresários, só conseguiram acumular tal patrimônio após uma vida de privações e trabalho duro ou de gerações de seus antecessores.
Para muitos de nossos políticos, ser eleito para um mandato parlamentar ou executivo, equivale a ganhar na mega sena acumulada; é como fazer os treze pontos da loteria ou como comprar o bilhete premiado da loteria federal.
Uma recente pesquisa feita pelo Jornal do Brasil (veja aqui), levantou que alguns vereadores cariocas tiveram uma variação patrimonial de 2004 até agora de mais de 800%; sendo a média de evolução patrimonial ficado em torno de 131%. Pesquise e veja se consegue descobrir qual grande empresa ou milionário brasileiro conseguiu multiplicar seu patrimônio, nessas taxas, neste mesmo período de tempo. Provavelmente, muito poucos ou nenhum.
Como sempre, as desculpas são as mais diversas: É uma empresa que não declarei no ano passado”; “é um terreno que vendi e não declarei na anterior”; “é um imóvel que eu já possuía há 50 anos”. E, por aí vai. O mais incrível, é que mesmo se for verdade; os nobres vereadores cometeram o crime de sonegação fiscal ao terem bens de alto valor declarados por valores inferiores ou não declarados. E a Receita Federal nessa história?
A verdade é uma só: Vote sabendo em quem você vota. Não se deixe enganar por um discurso bonito, um rosto simpático ou promessas vazias. Se o candidato do partido que está no poder em sua cidade diz que vai fazer algo; pergunte-se: “Por que já não fez?”
Conheça os candidatos, procure informar-se e levantar a vida pregressa de cada um deles. Cobre as promessas feitas antes e após a eleição; fique em cima, fiscalize, faça valer o seu voto.
E, acima de tudo, não dê um bilhete de loteria premiado a ninguém.
Pense nisso.
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