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quinta-feira, fevereiro 28, 2013

FONTE JORNAL GAZETA DO OESTE


Estudante potiguar apresentará estudo na ONU
Arquivo
Projeto computa uma redução na quantidade de processos de violência contra os idosos no transporte público
Nova Iorque. Sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse é o lugar onde será apresentado o trabalho da aluna do curso de especialização em Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas Maria Luíza Teixeira, do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O projeto, que vai representar o Brasil na ONU este mês, surgiu em 2010 como monografia de encerramento da graduação em Serviço Social. Desde então, a pesquisa vem causando um impacto positivo na área de Gerontologia Social, tendo ganhado prêmios e menções honrosas de organizações nacionais e internacionais.
Maria Luíza Teixeira explica que o tema surgiu durante um estágio na Promotoria do Idoso, quando ela identificou que a violência praticada contra pessoas maiores de 65 anos no transporte coletivo era a segunda maior causa de processos. “A gente viu que a maioria daqueles motoristas que estavam violando o direito dos idosos fazia isso por pura falta de informação, então montamos um projeto para apresentar o Estatuto do Idoso”, explica.
A ação contava não apenas com a apresentação da lei como também com exibição de vídeos e com representações teatrais sobre as queixas mais comuns, nas quais os próprios motoristas viraram atores. Além dos motoristas, empresários e sindicatos passaram pela formação.
Quando representavam idosos, os condutores usavam tampões nos ouvidos para assemelhar a capacidade auditiva, óculos de mergulho para simular a visão, pesos nas pernas e nos braços, sacolas com compras e uma bengala. “Há uma mudança de comportamento quando eles se sentem na pele do idoso. Alguns até choram durante a apresentação. O efeito é impressionante”, comenta Maria Luíza.


RESULTADOS

A ação foi responsável pela diminuição do número de processos de violência contra os idosos em transporte público no Rio Grande do Norte. O número caiu de 148, no ano de 2010, para sete, em 2012, o que representa uma significativa redução de 95,27% nas queixas. Com isso, o projeto “Transporte Urbano e População Idosa: construindo uma nova relação” colocou o Estado na vanguarda internacional de prevenção da violência contra pessoas acima de 65 anos. 
A importância do trabalho foi prontamente reconhecida, além de ter sido implantado de imediato pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN). A promotora Rebecca Monte Nunes Bezerra considera a ação inovadora. “Combatemos a violência contra a pessoa idosa de forma preventiva, abordando questões do envelhecimento e do trato com o consumidor”, avalia.

Ainda em 2010, com poucos meses de funcionamento, o projeto ganhou a 12ª edição do concurso Talentos da Maturidade, promovido pelo Banco Santander, na categoria Projetos Exemplares. A premiação possibilitou que todos os motoristas de transporte público que trabalham no Rio Grande do Norte fossem capacitados.
Em 2011, já computando uma redução de 56% na quantidade de processos de violência contra os idosos no transporte público, Maria Luíza Teixeira recebeu da presidente Dilma Rousseff o Prêmio Direitos Humanos 2011 e uma Menção Honrosa na IX edição do Prêmio Innovare, que é promovido pela Justiça brasileira.
Em 2012, o projeto ultrapassou seus objetivos e foi responsável por uma alteração na legislação de Natal. A cidade era a única capital brasileira onde o idoso não tinha garantia de prioridade no transporte público, como assegura o artigo 42 do Estatuto do Idoso.
O embarque não era feito pela frente do ônibus, o que gerava um transtorno muito grande tanto para os idosos quanto para os condutores. “O diferencial foi ouvir os motoristas. Eles que fizeram a denúncia e, com isso, conseguimos alterar algo que deveria estar sendo cumprido desde 2003”, afirma Maria Luíza.

NOVA FASE

E não para por aí. Em 2013 o trabalho vai ganhar visibilidade internacional. Este mês, a iniciativa vai ser apresentada na sede da ONU, em Nova Iorque. Para a promotora Iadya Gama Maio, que acompanha o projeto desde o início, a apresentação na ONU é uma grande conquista. “Isso mostra que estamos no caminho certo. Estamos atuando em um problema que é regional, é mundial”, avalia.
No Brasil, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos está interessada em aplicar a iniciativa em outras partes do País. Enquanto isso, no Rio Grande do Norte, uma nova etapa será iniciada. Agora a capacitação será voltada para os idosos.
A ideia surgiu durante o curso de especialização em Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas da UFRN. “A especialização me fez ter uma nova visão sobre o projeto. Queremos sempre melhorar”, diz Maria Luíza Teixeira.
Além disso, a proposta vai ser o tema do doutorado de Maria Luíza, que terá início este ano na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). “Eu me sinto triste em não poder acompanhar a implantação da nova fase do processo aqui no Rio Grande do Norte, mas ao mesmo tempo estou feliz por achar que o doutorado pode me ajudar a pensar como melhorar o combate à violência contra os idosos”, afirma.


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