Por que tantos séculos depois, ainda enfrentamos o tal do “fenômeno da seca” no Nordeste?
Ainda no tempo da chegada de colonizadores (exploradores) e jesuítas ao país, século 16, em que tínhamos uma vegetação praticamente original, também havia estiagem. O sol era o mesmo: abrasador.
Relatos preservados por documentos oficiais da Coroa Portuguesa e jesuítas, em especial, provam isso.
Saímos da situação de Colônia, transformamo-nos em um país de regime monárquico, saltamos para a condição de República e… lá se foram mais de 500 anos sem que o quadro melhorasse para o nativo e novos ocupantes desse território.
A natureza é a mesma, com variações naturais e cíclicas e ação do homem, mas o homem é que precisa aprender a conviver com essa realidade.
Problema do RN e do Nordeste não é falta de chuva. Faltam governos e governantes com espírito público e foco em prioridades para o povo. Em áreas desérticas mundo afora, como Israel e Califórnia, chove menos do que no Nordeste e não temos notícias de retirantes, carros-pipa.
Em termos do Rio Grande do Norte, avançamos muito pouco ou quase nada. Temos ações pontuais. Na maioria dos casos, há sempre medidas “emergenciais”.
O que o poder público poderia ter feito de forma definitiva e mais eficaz, praticamente ignorou.
O Rio Grande do Norte, por exemplo, poderia fazer um inventário de seu capital hídrico com amplo cadastramento de reservatórios públicos e privados.
A partir daí, passaria a fazer um planejamento e execução de programa de remanejamento de águas – com sistema interligado – a regiões e municípios mais críticos. Custo poderia ser superlativo, porém muito barato num comparativo com os bilhões despejados nas emergências.
Esse tipo de iniciativa, aliada a programa estadual permanente de transporte rodoviário/ferroviário de água, poderia impedir o que ocorre em Luís Gomes, que está há quase 600 dias sem água nas torneiras.
Dentro desse contexto, deveríamos permanentemente ter investimento em dessalinizadores, poços e outras modalidades de reservatórios.
Não devemos esquecer a própria economia agropecuária. Os pequenos produtores praticamente não têm apoio. Muitos precisam vender seu gado esquelético ou testemunharem a morte de todo um rebanho de forma cruel.
O poder público precisa garantir a sobrevivência e ampliação do rebanho, apoiando em eventual transporte das reses, alimentação e algum tipo de “bolsa” para impedir essa tragédia cíclica.
Reservatórios como Santa Cruz, Armando Ribeiro e Umari podem ter melhor aproveitamento.
A ampliação do programa de adutoras é um diferencial que os governos têm apostado, desde Garibaldi Filho (PMDB).
Temos aí Transposição do Rio São Francisco, obra pensada há décadas, mas que até agora tem feito apenas a alegria dos corruptos, com superfaturamento e rateio do butim.
Enfim, muito pode ser feito.
Falta sensibilidade. A seca não é o problema. Problema é a falta de interesse dos governantes.
Ações emergenciais dão mais lucros e votos.
E, por favor, não cupem São Pedro nem exijam demais de São José.
Eles, como a massa sertaneja cá embaixo, são inocentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Opine com responsabilidade sem usar o anonimato usando a Liberdade de Expressão assegurado pelo artigo 5º da Constituição Federal.
Liberdade de expressão é o direito de todo e qualquer indivíduo de manifestar seu pensamento, opinião, atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, sem censura, como assegurado pelo artigo 5º da Constituição Federal.