Crateús (CE). Degradada ao longo do tempo pela a ação antrópica (humana), por meio de práticas nocivas à sua biodiversidade, como queimadas, desmatamentos e pecuária extensiva, a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, comemora hoje o seu Dia Nacional com a prioridade de ser reconhecida como Patrimônio Nacional, pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 504/2010 que prevê, além do seu reconhecimento, também o do Cerrado.
Vegetação da Caatinga apresenta 1/3 de endemismo Fotos: Cid Barbosa /Kid Júnior
Atualmente, estão inseridos nessa condição os biomas da Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e Zona Costeira. Portanto, Caatinga e Cerrado são os únicos a não ter, até hoje, a proteção constitucional.
A Associação Caatinga, organização criada pela empresa SC Johnson, lidera uma mobilização nacional com o esforço de sensibilização e convencimento aos integrantes do Congresso Nacional para que aprovem a PEC que reconhece a Caatinga como Patrimônio Nacional.
Livro
O livro de fotografias "Caatinga, um Novo Olhar", que mostra, por meio de imagens, a riqueza e belezas do bioma, foi levado à Câmara dos Deputados, que teve audiência e Sessão Solene, na quinta e sexta-feira últimas, destacando o Dia da Caatinga, para sensibilizar os parlamentares a aprovar a PEC. Segundo Rodrigo Castro, secretário-executivo da Associação Caatinga, a aprovação seria "o reconhecimento mais do que justo" deixando a Caatinga em pé de igualdade com outros biomas importantes do Brasil como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Pantanal.
"Há 15 anos a gente trabalha e faz um esforço para valorizar a Caatinga, chamar a atenção para o bom, para o positivo, para que o vale a pena falar, que é uma Caatinga com oportunidades, uma Caatinga rica, mostrando o que ela tem e o que ela pode oferecer", afirmou.
Durante esta semana, na qual é comemorado o Dia Nacional da Caatinga e os 15 anos da Associação Caatinga, a SC Johnson também está financiando uma exposição cultural e educativa sobre o bioma. A exposição ocorre de 22 a 28 de abril, na Casa da Indústria, sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em Fortaleza.
A mobilização pela Caatinga ganhou mais força em 2012, com a escolha do tatu-bola como mascote para a Copa do Mundo de 2014. "Isso foi realmente uma grande conquista para a Caatinga. Mas o grande desafio agora e fazer com que isso traga benefícios diretos para o tatu e para a Caatinga e transformar toda a popularidade que esse animal, no caso o mascote Fuleco, vai ter até a Copa e durante os jogos do Mundial, capitaneando essa visibilidade para o tatu-bola, uma espécie tão ameaçada, e para a Caatinga".
O secretário-executivo da Associação Caatinga salienta que o projeto ultrapassa a duração da Copa do Mundo. "Em 10 anos, nós, Associação Caatinga e os nossos parceiros nacionais e internacionais, queremos dizer que o tatu-bola foi salvo da extinção. Se não for feito nada ele vai ser extinto em, no máximo, 50 anos. Queremos que o tatu-bola tenha sustentabilidade".
Preservação
A história da Associação remonta ao ano de 1998, quando membros da família Johnson, liderados por Sam Johnson, recriaram a viagem de Herbert F. Johnson atrás da carnaúba em 1935. A jornada ao Ceará teve como objetivo refazer o roteiro responsável pelo começo da relação da SC Johnson com o Brasil.
Reconhecendo o importante papel que a Caatinga tem para o Nordeste e o Brasil, a empresa aproveitou a ocasião para criar a Associação Caatinga. Já são 15 anos dedicados à preservação do bioma Caatinga, que ocupa cerca 10% do território nacional, com seus mais de 830 mil km² distribuídos em oito Estados do Nordeste (com exceção do Maranhão) e mais o Norte de Minas Gerais.
Na época, foi criado um fundo de U$ 1,5 milhão e doados 18.000 acres de Caatinga para a maior organização de proteção ambiental do mundo, The Nature Conservancy, o que resultou na criação da Reserva Natural Serra das Almas, no município de Crateús (Ceará), hoje reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera. Graças a essas medidas, mais de 2.240 espécies da fauna e flora já foram catalogadas.
A Associação desenvolve projetos que visam minimizar os impactos da degradação acentuada do bioma e tem como referência principal a Reserva Serra das Almas. Criada no ano 2000, com seus 6.146 hectares, abriga espécies da fauna e flora da Caatinga e serve como ponto de pesquisa e divulgação do bioma.
Mais informações
Associação Caatinga
(85) 3241.0759, Rua Cláudio Manuel Dias Leite, 50 - Cocó Fortaleza - www.acaatinga.org.br
E-mail: caatinga@acaatinga.org.br
EMERSON RODRIGUES /FERNANDO MAIA
REPÓRTERES
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