Bertold Brecht já disse há décadas que o pior analfabeto é o analfabeto político. “Ele é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce (...) o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra...”
Os analfabetos políticos continuam por aí. São filhos da ignorância patrocinada por governos descompromissados, empresários de mente curta e uma sociedade formada por castas que se fecham em torno de seus próprios umbigos. Pois estes também têm nome: são os deficientes cívicos. Gente que rejeita, de saída, qualquer responsabilidade pelo enorme fosso social que se criou no país, e que só faz crescer.
A culpa para os males da nação, segundo eles, está em governantes corruptos. E o principal obstáculo para tornar o país moderno e civilizado está na ignorância do cidadão brasileiro, que conforma a grande massa de pobres que elege aqueles que dirigem os destinos do país. Fecha-se um impertinente círculo vicioso: se povo ruim elege governos ruins, o que se pode fazer?
Os deficientes cívicos não respondem, preferem o estilingue à colaboração. Propagam que bastam lamúrias para derrubar a podridão e estabelecer a redenção. Ledo engano. A deficiência cívica está justamente em não perceber que todos, em maior ou menor escala, têm participação nos péssimos resultados que o Brasil vem apresentando.
Os deficientes cívicos são egoístas, antes por auto-defesa do que por princípio. Temem pelos privilégios alcançados, pelas fortunas amealhadas, pelos direitos adquiridos. Tratam a ética com uma elasticidade que serve unicamente a seus interesses. Jogam o lixo nas ruas e produzem discursos preservacionistas. Criticam os altos impostos, mas se enriquecem burlando o fisco.
O analfabetismo político produz o político vigarista. O deficiente cívico produz o cidadão sem caráter. Um é resultado das circunstâncias, o outro é malandro por opção
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