O
BLOG DO COBRA DIZ: O TEXTO ABAIXO É DA AGENCIA BRASIL
Documentos
americanos podem esclarecer fatos sobre o golpe de 64:
Mariana
Jungmann - Repórter da Agência Brasil Edição: José Romildo
Carta
enviada pelo presidente do Senado Federal do Brasil, Renan Calheiros (PMDB-AL),
ao presidente do Senado dos Estados Unidos, Joe Biden, é a mais recente
tentativa do Estado brasileiro de ter acesso a documentos da Central de
Inteligência Americana (CIA) sobre os anos que antecederam o golpe militar de
1964.
Na
carta, Renan Calheiros se baseia no “longo histórico de relações bilaterais”
entre Brasil e Estados Unidos para solicitar a liberação de documentos
sigilosos relativos às violações de direitos humanos e liberdades democráticas
havidas no Brasil entre os anos de 1964 e 1988. O presidente do Senado
brasileiro pede ainda Biden que colabore “no sentido de apoiar a luta pelos
direitos humanos no Brasil e o resgate histórico de um período nebuloso de
supressão das liberdades democráticas em nosso País”.
Calheiros
diz ainda que, “a despeito do retorno à normalidade democrática no Brasil,
ainda restam muitos episódios referentes ao golpe de 1964 que precisam ser
esclarecidos, vítimas a serem reconhecidas e danos a serem reparados”. Para
isso, ele considera essencial a colaboração das instituições norte-americanas
no sentido de facilitar o acesso a dados e informações que possam ter sob seu
controle a respeito desse período.
Além
disso, Renan comunica ao presidente do Senado americano que uma comissão de
senadores brasileiros será designada para ir aos Estados Unidos tratar do assunto
pessoalmente com representantes do Congresso americano.
A
carta foi motivada por um pedido direto do filho do ex-presidente João Goulart,
deposto pelo golpe. João Vicente Goulart procurou os representantes da Comissão
de Direitos Humanos do Senado, após anos tentando, junto com outros membros da
família, ter acesso a documentos cuja classificação de sigilo já deveriam ter
sido retirada nos Estados Unidos.
“Os
Estados Unidos têm vários arquivos [sobre o golpe brasileiro]. Embora tenha uma
lei que permita o acesso a alguns documentos com 25 anos, outros com 50 anos, a
gente precisa saber onde os documentos estão. Eles fazem isso justamente para
dificultar e nós acreditamos que com o pedido de Estado para Estado fique muito
mais fácil”, explicou.
João
Vicente está convicto que os documentos em poder do Estado norte-americano vão
conter fatos ainda desconhecidos sobre a história brasileira. Segundo ele, é
importante o envolvimento de toda a sociedade brasileira no sentido de
pressionar para ter acesso a essas informações. “Acho que principalmente sobre
o golpe nós vamos ter muitas informações novas. Até hoje quando eles fazem a
desclassificação ainda aparecem tarjas pretas que não permitem a leitura de
determinados trechos dos documentos”, diz.
O
presidente da subcomissão da verdade, que faz parte da Comissão de Direitos
Humanos, senador Randolfe Rodrigues (PMDB-AP), conta que entre os documentos
aos quais se pretende ter acesso estão os depoimentos de agentes da CIA ao
Senado americano na década de 1970. De acordo com ele, esses depoimentos podem
conter informações sobre a influência dos Estados Unidos no golpe que depôs o
presidente João Goulart.
“Queremos
saber qual foi todo o procedimento da Central de Inteligência Americana em
relação à ditadura militar brasileira, aos militantes políticos brasileiros e
também [em relação à] morte do presidente João Goulart. Nós acreditamos que
esses documentos vão mostrar também ligações com a Operação Condor”, diz o
senador.
Tanto
João Vicente Goulart, quanto Randolfe Rodrigues acreditam que o momento
histórico, em que se completam 50 anos do golpe no dia 31 de março, é relevante
para trazer à tona novas informações que os documentos podem conter.