Juiz
é afastado por suspeita de envolvimento com fraudes no RN
Segundo
MP, José Dantas de Lira recebia propina para conceder liminares.
Filho
de juiz diz que pai desconhece o processo e que não foi intimado.
O
juiz da 1ª vara Cível de Ceará-Mirim, José Dantas de Lira, foi afastado do
serviço na tarde desta terça-feira (29). A decisão pelo afastamento é do
desembargador Cláudio Santos. José Lira, segundo o Ministério Público do Rio
Grande do Norte, integra um suposto esquema de concessão de decisões liminares
fraudulentas. Ceará-Mirim é um dos municípios da Grande Natal.
saiba
mais
PM
e MP fazem operação de combate a crimes contra o patrimônio no RN
Na
manhã desta terça, promotores de Justiça e policiais militares cumpriram
mandados de busca e apreensão em imóveis e no escritório do juiz José Lira e de
outras quatro pessoas nas cidades de Natal, Ceará-Mirim e Parnamirim. Além do
juiz, dois advogados - sendo um filho do magistrado -, um corretor de imóveis e
um servidor do poder Judiciário são suspeitos de integrar o suposto esquema
fraudulento.
O
G1 tentou contato com José Dantas de Lira no fórum de Ceará-Mirim, mas foi
informado que o juiz está de férias. O advogado Diego Henrique Lima Dantas
Lira, filho do juiz, disse que o pai não irá comentar o afastamento. "Ele
não foi intimado ainda. Não tivemos acesso ao processo, ou seja, nem sabemos o
que está acontecendo", limitou-se a falar o advogado.
Segundo
o procurador geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis, os advogados e o corretor de
imóveis seriam agenciadores do grupo. "Um servidor público que tentasse um
empréstimo consignado junto a um banco e não conseguisse era procurado pelos
agenciadores e convencidos a irem ao fórum de Ceará-Mirim. Lá, o juiz concedia
decisões liminares obrigando os bancos a darem os empréstimos a esses
servidores mediante pagamento de propina que variava, segundo nossos
levantamentos, entre R$ 3 mil e R$ 7 mil", disse. De acordo com o
procurador, esse suposto esquema existia há quatro anos. O dinheiro da propina
era rateado entre os integrantes do grupo.
As
fraudes foram descobertas porque em junho passado uma pessoa que também se
beneficiava procurou o Ministério Público e delatou o esquema. "Diante do
que nos foi dito, procuramos o Tribunal de Justiça e relatamos o que tínhamos.
Lá no TJ, inclusive, já existia uma investigação judicial. Diante disso,
solicitamos os mandados de busca e apreensão e o afastamento do juiz",
falou Reis.
Nas
buscas desta terça, foram apreendidos documentos, computadores e aparelhos de
telefone celular. Rinaldo Reis disse que o material será periciado em conjunto
com o Tribunal de Justiça. O procurador antecipou que, caso se confirmem as
suspeitas, os investigados serão denunciados por corrupção e formação de
quadrilha.