Ilton,
agricultor aposentado, e a filha Jucinara, lider dos jovens agricultores. Foto:
Divulgação INSS/SC
Aos
66 anos, o agricultor aposentado Ilton Araldi gosta de repetir que antes da
proteção social para o segurado especial um trabalhador do campo que adoecia
precisava vender a vaca para comprar remédio, o que significava perder sua
única fonte de renda. “Nosso passado foi muito triste, mas hoje temos um futuro
no campo cheio de esperanças para nossos filhos”. A história de sucesso da família
Araldi em torno da produção de grãos e leite no município catarinense de São
Domingos é um exemplo muito comum da importância da Previdência Social para o
desenvolvimento da agricultura familiar no Brasil.
Dos
5.565 municípios brasileiros, 3.774 (ou dois terços das cidades brasileiras)
recebem mais recursos da Previdência Social em benefícios do que do Fundo de
Participação dos Municípios. Com 74,16% das suas cidades nessa situação, o Sul
é a região do país mais marcada por esse sólido e silencioso trabalho de
redistribuição de renda. “Em muitos municípios onde predomina a atividade
rural, a aposentadoria do agricultor como segurado especial significa a
principal fonte de renda das famílias”, afirma o Superintendente do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) na região Sul.
“Nosso
passado foi muito triste, mas hoje temos um futuro no campo
cheio
de esperanças para nosso filhos”, diz agricultor
A
agricultura familiar é hoje um dos setores da economia que mais cresce na
produção de alimentos, geração de riquezas e em distribuição de renda. Ela é
também uma das principais atividades geradoras de trabalho e renda na América
Latina e no Caribe, segundo relatório produzido em 2014 pela Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Dentre
os 31 milhões de benefícios previdenciários mantidos hoje no Brasil, 9 milhões
se destinam aos trabalhadores rurais (entre aposentadorias por idade, pensões,
licença-maternidade, auxílio-doença), que significam um investimento de R$ 6,5
bilhões. Em Santa Catarina, onde a desproporção entre a população do campo e da
cidade é menos acentuada, entre 1,3 milhão de benefícios mantidos e R$ 1,3
bilhão de investimento total, R$ 228 milhões se destinam ao pagamento de 317
mil benefícios rurais.
Com
a aposentadoria conquistada aos 60 anos e os investimentos no crédito agrícola
, o senhor Ilton conseguiu prosperar no pequeno negócio de produção de grãos e
leite, criar o filho e as quatro filhas e ainda evitar que as mais novas fossem
buscar o seu futuro na cidade. Jucimara Meotti Araldi, de 29 anos, por exemplo,
responsável pela ordenhadeira da família desde os 13, tornou-se uma grande
líder para 1.200 agricultores familiares.
“Sabendo
que podem ter uma renda para uma velhice tranquila, os jovens se estimulam a
permanecer no campo”, afirma. Jucimara formou-se em Administração, mas não
pensa em outra vida longe do campo. Os olhos verdes suavizam as rugas precoces
quando ela fala dos seus sonhos: “Aqui eu quero casar e ter filhos, praticar
agricultura orgânica e construir minha vida dentro da cultura que eu amo: a que
aprendi com meus pais”. (Raquel Wandelli/ACS-SC)