Luis
Carlos Prates
FALSA
BEATA
O
repórter andava pelas ruas ouvindo pessoas sobre o Dunga, o novo treinador da
Seleção Brasileira, ouviu de tudo. O que mais me incomodou foi escutar uma
velha. Perguntada sobre o treinador, ela disse que gostaria que o Dunga fosse
menos grosso. Arrepiei. Já disse aqui uma miríade de vezes que quando uma
pessoa tem idade e não tem juízo ou educação, é velha. Quando tem é idoso,
idosa. No caso citado, era velha mesmo, no sentido ruim da palavra.
O
que ela quis dizer por “grosso” é ser honesto, direto, sincero. O nosso maior
mal social hoje em dia é a hipocrisia. Os falsos bonzinhos, os educados de
fachada, os que fingem o que não sentem entrechocam-se nas esquinas. O que o
Dunga está dizendo, e vai pedir na Seleção, é comprometimento, seriedade, foco,
menos luzes pessoais e mais suor pelo coletivo da equipe. Isso vale para qualquer
gerente e para qualquer funcionário, seja do que for e onde for. Onde está a
grossura?
Faz
tempo que parei de segurar porta de banco para “idosas”. Todas, até o momento
em que parei de ser gentil, todas passavam e nem me olhavam, muito menos dizer
obrigada… Grossura pura. Ou será que elas acham que é obrigação dos outros a
eventual gentileza?
Em
sala de aula a mesma coisa. Ai do aluno educado, que chegue dando bom-dia,
professora; até amanhã, professor! Ou então que vá ao extremo de pedir
desculpas por algo que possa ser tomado por indelicadeza. Bah, esse aluno, guri
ou guria, entrará na linha de fogo dos outros, da maioria repelente pela falta
de educação dos pais.
Dunga,
na entrevista, também insinuou sobre a falta de postura do perna-de-pau Neymar,
com aquele chapéu enfiado nas… e não tirado nem ao entrar na maca, aliás, numa
lesão histérica, invenção pura. Grossura, “senhora”, é mentir, fingir, enganar,
tapear, ir à missa e teatralizar uma bondade fajuta. Serviu a touca? Acho bom!