AGREDIDA
PELO JORNAL NACIONAL, DILMA SE DEFENDE
Foi
inacreditável a ação eleitoral do Jornal Nacional contra a presidente Dilma
Rousseff; William Bonner fez perguntas quilométricas; Patrícia Poeta chegou a
fazer cara de nojo e a colocar o dedo em riste diante de Dilma em razão do
"nada" que teria sido feito na área da saúde em 12 anos, ditos com
ênfase pela apresentadora; Dilma mal teve a oportunidade de responder perguntas
que eram acusações, como sua suposta incapacidade de se cercar de pessoas
honestas e os números da economia; quando teve oportunidade falar, Dilma disse
que seu governo "estruturou o combate à corrupção" e que "nenhum
procurador foi chamado de engavetador-geral da República"; ela lembrou
ainda o baixo desemprego e a inflação que se aproxima de zero nos últimos meses;
não foi entrevista, foi agressão, fora de qualquer padrão civilizado de
jornalismo; presidente conseguiu falar sobre o programa Mais Médicos e informar
que a inflação está baixando, com zero de elevação em julho
18
DE AGOSTO DE 2014 ÀS 20:45
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- Com posturas até então desconhecidas do grande público, os apresentadores
William Bonner e Patrícia Poeta deixaram a elegância de lado e partiram para o
ataque sobre a presidente Dilma Rousseff, na entrevista ao Jornal Nacional
concedida no Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta segunda-feira 18.
Ambos
estavam vestidos de preto, indicando luto pela morte do ex-governador Eduardo
Campos, cujo último compromisso eleitoral foi a entrevista da quarta-feira 13.
Eles não dirigiram nenhuma pergunta sobre o fato à presidente.
Bonner
parecia o mais irritado, mas Patrícia não quis ficar atrás. Ela chegou a
apontar, em riste, o dedo para a face próxima da presidente, insistindo que o
governo dela e do ex-presidente Lula não fizeram "nada" na área da
saúde. A presidente conseguiu dizer, entre interrupções da entrevistadora, que
hoje, ao contrário do passado, o atendimento de saúde pública atinge 50 milhões
de brasileiros.
No
início da entrevista, Bonner perguntou, por mais de um minuto, sobre
"corrupção e malfeitos", citando uma série de ministérios e também a
Petrobras.
-
Qual a dificuldade de formar uma equipe de governo com gente honesta?,
questionou ele, mais ao estilo botequim de esquina do que o que emprega
normalmente, todos os dias, à exceção dos domingos, na bancada do JN.
O jogo de
apertar a presidente ficou claro desde o primeiro momento.
A
própria Dilma percebeu e não se intimidou com a postura da dupla. Procurou
responder a todas as perguntas e manter a calma, mas não dando as respostas que
Bonner e Patrícia esperavam. Dilma tinha argumentos na ponta da língua.
-
Fomos o governo que mais estruturou o
combate à corrupção e aos malfeitos, respondeu ela.
-
Nenhum procurador geral da República foi chamado no meu governo de engavetador
geral da República", acrescentou, numa referência nada sutil a Geraldo
Brindeiro, dos tempos do governo Fernando Henrique.
BONNER
NUNCA FIZERA PERGUNTAS TÃO LONGAS E EM TOM TÃO DURO
O
âncora do Jornal Nacional insistiu no tema da corrupção, usando cada vez mais
ênfase sobre a presidente:
-
Um grupo de elite do seu partido foi condenado por corrupção, são corruptos,
posso dizer por que a Justiça já julgou, mas o seu partido protegeu essas
pessoas. O que a sra. acha dessa postura do seu partido?
Dilma
não respondeu diretamente, optando por lembrar sua posição institucional:
-
Enquanto eu for presidente da República, não externarei opinião pessoal sobre
decisões do Supremo Tribunal Federal. Eu tenho a minha opinião, mas não vou
externá-la.
-
Mas o que a sra. diz sobre a postura do seu partido? A sra. não diz nada?
-
Olha, Bonner, eu não vou entrar nisso de me manifestar contra a decisão de um
poder constitucional. Isso é muito delicado, merece o meu maior respeito.
PATRÍCIA
APONTOU O DEDO EM RISTE PARA A
PRESIDENTE
Patrícia,
que até então estava calada, perguntou sobre saúde, afirmando que "nada
fora feito" nos governo Dilma e Lula, e que "as filas se multiplicam
nos hospitais e postos de saúde". Dilma, outra vez, procurou responder sem
aceitar a indagação como provocação.
Patrícia
não gostou do que ouviu, e lá veio Bonner atacar de novo:
-
A sra. considera justo culpar ora a crise econômica internacional, ora os
pessimistas pelo baixíssimo crescimento da economia brasileira, pela inflação
alta?
-
A inflação cai desde abril, Bonner, agora mesmo saiu um dado oficial mostrando
que houve zero por cento de aumento de preços em julho. Por outro lado, todos
os dados antecedentes ao segundo semestre, aqueles que anunciam o que vai
acontecer na economia, mostram que haverá crescimento em relação ao primeiro
semestre.
Bonner
não pareceu satisfeito com a resposta, mas em razão do tamanho das perguntas
que havia feito antes, percebeu que o tempo de 15 minutos estava estourando.
Foram, de fato, questionamentos quilométricos os que ele fez.
-
Eu vou garantir um minuto para a sra. encerrar, disse ele, visivelmente
insatisfeito.
-
Obrigado, Bonner, eu quero dizer que acredito no Brasil, reiterou Dilma, que
ainda foi mais duas vezes interrompida para que fosse cumprido o tempo
estabelecido.
-
Eu compreendo, vou suspender a minha fala, encerrou Dilma, com classe, diante
dos entrevistadores que se mostraram em pleno ataque de nervos.