Combate
às mudanças climáticas não é danoso à economia, diz Dilma na ONU
A
presidente citou medidas tomadas pelo governo brasileiro nos últimos anos para
redução de emissões de gases de efeito estufa
Por
Luana Lourenço/Agência Brasil
A
presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira (23), na Cúpula do Clima,
um esforço global para ampliar investimentos no combate às mudanças climáticas
e disse que o Brasil é um exemplo de que crescimento econômico e preservação
ambiental não são contraditórios.
“Os
custos para enfrentar a mudança do clima são elevados, mas os benefícios mais
que compensam. Precisamos reverter a lógica de que o combate às mudanças
climáticas é danoso à economia. A redução das emissões e as ações de adaptação
devem ser reconhecidas como fonte de riqueza, de modo a atrair investimentos e
lastrear novas ações de desenvolvimento sustentável”, disse, em discurso
durante a reunião. A cúpula, convocada pelo secretário-geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, ocorre na sede da entidade, em Nova York, a
um dia da 69ª Assembleia Geral.
Apesar
da defesa de investimentos globais, Dilma destacou o princípio das
“responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, que guia a negociação
climática na ONU. Ela lembrou que os países desenvolvidos cresceram com base em
economias sustentadas por altas emissões de gases de efeito estufa.
“Não
queremos repetir esse modelo, mas não renunciaremos ao imperativo de reduzir as
desigualdades e elevar o padrão de vida da nossa gente. Nós, países em
desenvolvimento, temos igual direito ao bem-estar e estamos provando que um
modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível”, avaliou.
A
presidente citou medidas tomadas pelo governo brasileiro nos últimos anos para
redução de emissões de gases de efeito estufa, principalmente as relacionadas à
queda do desmatamento na Amazônia.
“Ao
longo dos últimos dez anos, o desmatamento no Brasil foi reduzido em 79%. Entre
2010 e 2013, deixamos de lançar na atmosfera, a cada ano, em média, 650 milhões
de toneladas [de gases de efeito estufa]”, listou. “As reduções voluntárias do
Brasil contribuem de forma significativa para a diminuição das emissões globais
no horizonte de 2020. O Brasil, portanto, não anuncia promessas, mostras
resultados”, acrescentou.
Dilma
ressaltou que os desastres naturais provocados pelas mudanças climáticas “têm
ceifado vidas e afetado as atividades econômicas em todo o mundo”,
principalmente entre as populações pobres dos centros urbanos. Ela citou a
Política Nacional de Prevenção e Monitoramento de Desastres Naturais como uma
resposta brasileira ao problema. Segundo a presidente, até o fim deste ano, o
governo deve lançar o Plano Nacional de Adaptação.
Em
relação ao novo acordo climático global, que deverá ser fechado na 21ª
Conferências das Partes sobre o Clima (COP-21), em Paris, Dilma disse que o
Brasil defende um texto ambicioso, mas que respeite as diferenças entre países
ricos e nações em desenvolvimento.
“O
novo acordo climático precisa ser universal, ambicioso e legalmente vinculante,
respeitando os princípios e dispositivos da convenção-quadro [da ONU], em
particular, os princípios de equidade e das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas. Esse acordo deverá ser robusto em termos de mitigação, adaptação
e meios de implementação”, ponderou.
Amanhã
(23), Dilma fará o discurso de abertura da 69ª Assembleia Geral da ONU.
Atualizado
em 23 de setembro às 15:42