23/09/2014|
VIOLÊNCIA NO CAMPO
Líder
de acampamento é assassinado e quatro acampados são feridos, no Pará.
O
coordenador da ocupação da fazenda Gaúcha foi assassinado e pelo menos quatro
acampados foram baleados por supostos seguranças ligados a propriedade,
localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, Pará. O crime ocorreu
no final da tarde desta segunda-feira
(22).
Conforme
informações iniciais da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na
Agricultura do Pará (Fetagri-PA), Jair, que coordenava a ocupação da fazenda,
não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Entre os feridos, ainda segundo
a organização, está o jovem Mateus, diretor de políticas sociais do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Bom Jesus do Tocantins.
Em
nota, a Fetagri informou que as vítimas acompanhavam uma máquina que construía
a estrada que dá acesso ao acampamento. "Quando passavam em frente à sede
da fazenda, foram atacados a balas", informa a Fetagri.
O
assessor jurídico da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Afonso Batista, foi
informado "que houve uma tentativa de fazer a recuperação de um trecho da
estrada para ter acesso à escola. E o gerente da fazenda e os pistoleiros
tentaram impedir a abertura da estrada”.
"Varias
denúncias já foram feitas na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá contra o
gerente da fazenda, que já bateu, ameaçou e humilhou trabalhadores/as que
passavam em frente à sede da fazenda. Tem jagunços fortemente armados e agora
atacou a bala, feriu e matou trabalhadores da Ocupação Gaúcha", destaca a
federação, que ainda denuncia a morosidade da Justiça Federal de Marabá.
"A
Justiça Federal de Marabá também é culpada por este conflito, pois há mais de
seis anos está sentada em cima do processo de uma área publica, e não dá
resposta aos trabalhadores/as.... Infelizmente mais um trabalhador morre pela
luta na terra", aponta.
A
área
A
fazenda Gaúcha está ocupada, há mais de oito anos, por cerca de 400 famílias,
de acordo com a Fetagri-PA. "Em 2013 a produção de farinha foi de mais de
10 mil sacas e entre tantos desafios enfrentados pelos trabalhadores/as está a
questão da estrada para escoar a grande produção existente na área",
destaca a federação.
José
Afonso Batista lembra ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA) já entrou com o pedido de arrecadação da área, mas o processo
tramita na Justiça há três anos.