Em
nota, Igreja Católica do RN pede que, na hora de votar, eleitor não se deixe
levar por apelos emotivos e falsas promessas dos candidatos
2
de outubro de 2014 às 7:57
O
Arcebispo Metropolitando de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, publica nota sobre
as eleições deste domingo.
A
posição da Igreja Católica do Rio Grande do Norte é compartilhada pelos bispos
de Caicó e Mossoró.
Eis
a nota emitida agora há pouco:
Caríssimos
irmãos e irmãs em Cristo, Querido Povo de Deus,
Já
se aproxima o dia 05 de outubro, quando somos convocados a escolher dentre os
candidatos, pelo voto livre e soberano, o presidente da República, o Governador
do Estado, um senador e deputados estaduais e federais, sobre os quais
confiaremos os destinos do Brasil e do Estado pelos próximos quatro anos.
Trata-se de um grave desafio que exige responsabilidade de cada eleitor. Neste
instante, nos dirigimos aos cristãos, em especial, os católicos dos quais nos
identificamos como irmãos e pastores.
Todos
são chamados a assumir o seu lugar próprio no enfrentamento deste desafio
cidadão. Assumi-lo com decisão, buscando amparo e luzes nos valores do
Evangelho. À Luz desses valores temos a chance de fazer uma leitura mais
adequada da realidade complexa na qual estamos inseridos.
Temos
convicção de que atentos e fiéis aos valores que emanam do Evangelho, cada
eleitor poderá agir e decidir, fazendo escolhas capazes de gerar novos rumos no
mundo da política brasileira. Há um momento primeiro que não pode ficar fora da
pauta do cidadão que se orienta pela indissociável relação entre fé e vida.
Trata-se
de uma discussão ética, ampla e fundamentada, a respeito de candidaturas,
programas de governo e representatividade. A sociedade espera de cada um de nós
o testemunho da fé, que se traduz na vivência do cotidiano, que tem muito a
contribuir para a transformação da vida, com incidências próprias no âmbito
político e partidário.
Os
partidos políticos, assim como as organizações da sociedade civil são
indispensáveis à democracia. São as artérias pelas quais a cidadania constrói,
oxigena e aperfeiçoa a democracia. Criminalizar os partidos políticos e as
organizações da sociedade civil porque seus membros falham, é criminalizar o
exercício da cidadania e, por consequência, mutilar a própria democracia.
Deve-se punir, sim, aqueles indivíduos que se utilizando das instituições
cometem crimes contra a democracia e as conquistas políticas, sociais,
econômicas, dentre outras, da cidadania.
Então,
ao fazer nossas escolhas, é preciso compreender que, ao fazê-las sem critérios,
estaremos gerando um grande prejuízo que incide sobre décadas da história
futura e, de modo ainda mais perverso, no presente, sobre a vida dos mais
pobres.
Cada
um é convidado a compreender a política, conforme ensina o Papa Francisco, como
uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. Essa é mais
uma oportunidade de aperfeiçoar a democracia a partir de reflexões, reuniões,
voto consciente contra a corrupção e a favor da honestidade.page2image1112
Todo
cidadão tem direito a ser governado e representado por agentes políticos
probos, íntegros e honrados. Este é o momento certo que o processo democrático
nos oferece para garantir à sociedade o seu direito de exercer democraticamente
o poder político, melhorando a representação. Agora é hora privilegiada de cada
cidadão contribuir para qualificar a gestão pública e o serviço à política. Não
é tarefa fácil fazer a melhor escolha.
Por
isso, torna-se indispensável analisar programas e propostas das coligações
partidárias e ponderar elementos, especialmente aqueles de inegociável
sensibilidade social, num momento em que o pobre e o excluído precisam ter
prioridade de tratamento e destinações. Não se pode dispensar o compromisso dos
que têm competência para gerar e garantir dinâmicas de crescimento econômico e
a consequente inclusão social, alargando as conquistas sociais nas áreas da
saúde, educação, assistência social, da agricultura familiar e convivência com
o semiárido.
Por
tais razões, já não é possível se deixar levar por apelos emotivos e falsas
promessas dos candidatos que preferem enganar o eleitor a se comprometer com os
graves problemas que a maioria dos brasileiros, no momento, se encontra submergida.
Basta lembrar como anda a saúde, a educação, a segurança pública e a situação
hídrica que lhe aflige no município em que cada um reside.
Lembremo-nos
que o ato de votar não encerra a nossa participação cidadã, mas requer ainda
mais uma participação de todos na construção de um modelo de Estado
republicano, fundado sob a cidadania, centrado na pessoa e na dignidade
humana,onde a tônica principal do desenvolvimento não seja apenas o mercado e o
lucro, mas, acima de tudo, a comunidade dos cidadãos, alicerçada na defesa e
promoção da justiça, da fraternidade, da igualdade de direitos, da
solidariedade, e cuja prática política esteja plasmada nos valores ética e da
promoção e defesa da vida de cada pessoa, especialmente dos mais pobres e
indefesos, as crianças e idosos.
Por
fim, rogamos ao Senhor Deus que derrame sobre cada eleitor brasileiro e
potiguar, o Dom do Espírito Santo: da sabedoria e da inteligência, do
discernimento e da caridade, a fim de que possamos fazer nossas escolhas
amparadas nos princípios do Bem Comum, da supremacia do interesse público, da
justiça social e da paz entre os povos. Com especial bênção apostólica.
Dom
Jaime Vieira Rocha – Arcebispo de Natal
Dom
Mariano Manzana – Bispo de Mossoró
Dom
Antônio Carlos Cruz Santos - MSC Bispo de Caicó