Publicado
em 30 de setembro de 2014
As
eleições no RN e a luta por forjar a opinião pública potiguar
Um
silêncio indecoroso se abateu sobre a imprensa potiguar. Nas últimas semanas,
os tradicionais veículos da imprensa potiguar optaram pelo emudecimento
voluntário. De maneira que o crescimento e o incremento da vantagem da
candidata do PT ao senado, Fátima Bezerra, em relação a oponente Wilma de Faria
(PSB), detectado pelas últimas pesquisas do Instituto Seta em parceria com o
Nominuto, divulgadas no último dia 21, foram sumariamente ignorados. A vantagem
da petista contra a “guerreira” cresce a passos galopantes, atingindo, nesse
momento, dois dígitos, uma distância que já garante certa segurança.
O
silêncio é revelador do quanto à mídia tradicional potiguar se acumplicia com
as oligarquias e seus representantes tradicionais no estado. E, assim,
sacrifica o direito do cidadão à informação. Nada surpreendente, aliás, uma vez
que, como é notório, os principais jornais da cidade estão sob o controle de
parlamentares pertencentes às oligarquias que insistem em submeter o Rio Grande
do Norte e sua população ao seu domínio familiar e patrimonialista.
Além
disso, percebe-se um descarado jogo de informações e desinformações levado a
cabo pelos institutos de pesquisa responsáveis por captar as tendências de voto
da configuração do eleitorado potiguar. De fato, as diferenças de resultados
entre os institutos de pesquisa já extrapolam o senso do razoável, produzindo
para quem ler, o sentimento de que alguém (Instituto de pesquisa) está mentindo
na maior cara lavada.
Para
ilustrar o exemplo, basta compararmos a pesquisa eleitoral divulgada pelo
Instituto Seta no dia 28 de setembro com a pesquisa eleitoral divulgada pelo
Ibope/InterTV Cabugi com data do dia 30 de setembro. Enquanto o Instituto Seta
aponta uma tendência de empate técnico entre Henrique Alves (33%) e Robson
Farias (32, 3%), a pesquisa divulgada pelo Ibope/InterTV Cabugi registra uma
vantagem de 7% entre Henrique Alves (38%) e Robson Farias (31%). Ou seja,
considerando que não houve entre os dois dias que separam as pesquisas, nenhum
fato político que justifique a mudança tão radical em matéria de expectativas
de votos, só podemos concluir que um dos dois Institutos de Pesquisa está
tentando manipular de modo explícito da opinião pública potiguar.
Em
meio ao engajamento político de muitos institutos de pesquisa, talvez não fosse
absurdo considerar a ideia do Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais
Regionais Eleitorais, passadas as eleições, divulgarem juntamente com os
resultados eleitorais, notas paralelas apontando qual ou quais institutos de
pesquisa mais se aproximaram da previsão correta sobre as tendências de voto da
configuração do eleitorado. De fato, caberia a própria esfera pública jornalística
esse monitoramento, mas com sua captura parcial pelos partidos e grupos
políticos de interesse, suspeitamos que teremos muito mais lutas por forjar a
opinião pública do que em informar a sociedade a respeito das tendências de
voto.
A
luta por uma verdadeira nova política no Rio Grande do Norte é inseparável de
uma luta crítica contra um dos principais esteios da velha política
oligárquica, ou seja, contra imprensa tradicional e sua pretensão de monopólio
da opinião.