43%
dos jovens já viram a mãe sofrer agressão
04.12.2014
Segundo
pesquisa, os casos de violência são maiores entre os homens que assistiram a
agressões em casa.
A pesquisa que retrata violência contra mulheres, com foco nos jovens, divulgada ontem, pelo Instituto Data Popular, revela que 43% dos jovens já presenciaram a mãe ser agredida em casa pelo parceiro. Segundo o levantamento, destes entrevistados, 47% afirmaram que interferiram em defesa da mãe.
De acordo com o estudo, o índice de violência contra a parceira é de 64% entre quem já presenciou violência doméstica contra 47% dos que nunca assistiram à mãe ser agredida.
A pesquisa "Violência contra a Mulher: o Jovem Está Ligado?" foi encomendada pelo Instituto Avon e ouviu, em novembro, cerca de duas mil pessoas de 16 e 24 anos nas cinco regiões do País.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, considera esses dados preocupantes, pois estudos demonstram que pessoas que são testemunhas dessa violência são mais propensas a serem agressoras ou agredidas.
O estudo mostra que 55% dos homens, quando estimulados pela pesquisa, disseram ter praticado violência contra a parceira. Por outro lado, 66% das mulheres admitiram ter sido agredidas pelo companheiro.
Mesmo com os altos índices de violência, 96% dos jovens são a favor da Lei Maria da Penha, que aumentou o rigor das punições aos homens que agridem física ou psicologicamente a uma mulher ou à esposa.
Atos machistas
A análise também demonstra que é quase unânime a percepção do machismo, com 96% dos entrevistados admitindo que vivem numa sociedade machista. Apesar disto, a maioria dos jovens ainda acredita e reforça comportamentos que reprimem as mulheres e as colocam em posição de desigualdade em relação aos homens.
Na pesquisa, 48% deles condenam a mulher sair sozinha com os amigos, sem a companhia do marido, namorado ou "ficante" (parceiro eventual).
Ao mesmo tempo, 68% dizem achar errado a mulher ir para a cama no primeiro encontro e 76% criticam aquelas que têm vários "ficantes". 80% afirmam que a mulher não deve ficar bêbada em festas ou baladas.
Assédios
A pesquisa encomendada pelo Instituto Avon também mostra ser comum nos namoros o controle excessivo por parte dos meninos sobre a vida das garotas e que elas ainda são vítimas constantes de assédio, constrangimento e intimidação nos espaços públicos.
Mais mulheres (42% delas) do que homens (41% deles) disseram concordar que uma garota deve ficar com poucos homens. E muitos garotos (43%) ainda veem diferença entre mulheres para "namorar" e "para ficar" - aquelas que têm relações com muitos homens não são para namorar. Entre as mulheres, 34% pensam o mesmo.
Enquanto 30% dos homens dizem que a mulher que usa decote e saia curta está se oferecendo, apenas 20% das mulheres concordam com essa afirmação.
Um total de 78% das jovens entrevistadas relatam já ter sofrido algum tipo de assédio como cantada ofensiva, abordagem violenta na balada e ser beijada à força. Três em cada dez garotas dizem ter sido assediadas fisicamente no transporte público.
Sexo
Entre as mulheres, 9% contam que já foram obrigadas a fazer sexo quando não estavam com vontade, e 37% que já tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro.
A representante da ONU Mulheres observa ainda que, apesar de reconhecer comportamento machista na sociedade, parte dos jovens reproduz esses valores de acordo com o apresentado na pesquisa. "O que é surpreendente é que você tem quase metade dos jovens aprovando valores do machismo na questão do controle e na possibilidade das mulheres de saírem sós e se vestir. Isso provoca surpresa porque era esperado que essas situações fossem ultrapassadas pelos jovens", disse Nadine Gasman.
Internet
As redes sociais se mostram como um meio de controle dentro dos namoros: 32% das jovens relatam que tiveram de excluir algum amigo do Facebook a pedido do parceiro, 30% dizem que tiveram e-mail ou perfil de rede social invadido pelo namorado e 28% afirmam que foram proibidas de conversar com amigos virtualmente. Além disso, 15% das mulheres dizem que foram obrigadas a revelar para os namorados suas senhas de e-mail e Facebook.