PARA
ACALMAR ALIADOS
Dilma
quer lançar 'pacote do bem'
25.01.2015
Medidas
ajudariam a criar um ambiente favorável de negócios para que empresários
continuem investindo.
Brasília.
A presidente Dilma Rousseff quer anunciar medidas para melhorar o ambiente
econômico. Seria uma espécie de "pacote do bem", que ajudaria a criar
um ambiente favorável de negócios e convenceria empresários a manter
investimentos para evitar a estagnação da economia que se desenha para este
ano, informa o jornal O Estado de S. Paulo em sua edição deste sábado (24).
Na
reunião de coordenação política do governo, realizada na sexta-feira (23), no
Palácio da Alvorada, a presidente Dilma discutiu pontos do pacote com os
ministros. Os estudos, no entanto, não preveem nenhum tipo de desoneração ou
benefício a setores específicos que pudessem criar impacto nas contas públicas,
sob rígido controle do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em Davos, na Suíça,
Levy não participou da reunião.
O
objetivo é adotar medidas para injetar ânimo na economia, facilitar o
funcionamento de alguns setores que estariam travados e desburocratizar algumas
regras. Dilma deu, por exemplo, sinal verde ao Plano Nacional de Exportações em
preparação pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Armando Monteiro Neto, para estimular as exportações.
Vendas
no exterior
Em
reunião anterior, a presidente orientou o ministro a usar todos os instrumentos
do governo para fortalecer as vendas ao exterior. As medidas não prejudicam o
ajuste, já que passam por incentivo ao fechamento de acordos comerciais,
desburocratização na cobrança de tributos e aceleração dos trâmites do comércio
exterior. São medidas que fazem diferença no dia a dia das empresas, mas não
teriam impacto nas contas do Tesouro.
Além
dos estímulos às exportações, o ministro pediu medidas de simplificação
tributária, ainda que não representem redução da carga de impostos, além da
retomada do programa de concessões em infraestrutura.
Agenda
positiva
As
medidas seriam uma agenda positiva para fazer contraponto às medidas de ajuste
fiscal e monetário anunciadas pela equipe econômica, bem absorvidas pelo
mercado, mas que deixaram Dilma sob forte fogo cruzado dos aliados políticos.
Essa agenda, na verdade, teria duas funções: dar ao setor produtivo um sinal de
que haverá medidas para aumentar a competitividade e a retomada dos
investimentos.
Isso
acalmaria o público interno, sobretudo o PT, que tem classificado as medidas de
Levy como a antítese do projeto do partido. "Estamos em meio a um conjunto
de medidas impactantes: aumento de impostos, aumento de preços, tarifas",
admitiu Armando Monteiro ao Estado. "Tudo isso terá efeito, não há dúvida
nenhuma". Ele acredita que o governo deve agir em dois eixos. "É
comunicar bem as medidas duras e, ao mesmo tempo, gerar iniciativas e dar
alguns sinais para encorajar a retomada dos investimentos".
"Incentivo" é palavra proibida no governo pois poderia soar como
concessão de subsídios, na linha contrária ao que está fazendo Joaquim Levy.