Robinson
sobe a rampa da Governadoria e é recebido com festa
Governador
toma assento em sua cadeira no primeiro dia de expediente após sua posse.
Por
Dinarte Assunção
A
cadeira e ele. (Foto: Alberto Leandro)
Após
rezar a oração do Pai Nosso, o governador Robinson Faria, que afirmou ter sido
o candidato abastecido de maior solidão na campanha eleitoral, restou novamente
sozinho no gabinete da governadoria. Em que pese estar ladeado de assessores e
repórteres, era um momento seu. Repórteres fotográficos colocaram suas
objetivas a postos esperando para compor a principal imagem da manhã desta
sexta-feira (2), quando o chefe do Executivo se sentaria, enfim, na principal
cadeira para comandar o Estado. Robinson parecia titubear. Olhava para a
cadeira sem que houvesse intimidade com ela. Quando todos se perguntavam por que
ele não se acomodava no que foi conquistado nas urnas, a assessora de
comunicação, Geórgia Neri, encerrou a questão:
–
Eles estão esperando que o senhor se sente para fazer imagens.
O
governador respirou fundo e arfou o peito. Desabotoou o blazer do terno Ricardo
Almeida, ajeitou a camisa por baixo da calça e fez uma piada:
–
É que não estou acostumado com essa cadeira. – E, sentando-se, exibiu seu riso
branco na excelente dentição.
Se
não há intimidade, o governador terá tempo para adquiri-la. Durante os quatro
anos em que foi vice de Rosalba Ciarlini, Robinson Faria não teve a
oportunidade de ocupar a chefia do Executivo após a desavença política que os
afastou. Na ciranda política, no entanto, o governador, que ainda no primeiro
ano da gestão de Rosalba se proclamou candidato, subiu a rampa da Governadoria
sob a sonoplastia do som carimbado para todos que ascendem à glória, a marcha
Exordium.
A
subida da rampa foi simbólica quando se atenta para quem acompanhou o
governador: a secretária de Segurança Pública, Kalina Leite, ungida a general a
quem foi incumbida a função de coordenar o choque de segurança que foi
prometida na campanha de Robinson. Passaram em revista na Guarda de Honra e
atingiram o átrio da Governadoria, quando Robinson foi recebido pelos
servidores. Formavam uma meia lua no ambiente de mármore negro, deixando o
espaço ainda mais escuro. Robinson começou a cumprimentar os servidores um a
um. O único som era um burburinho ao fundo e os flashes da câmeras, até que uma
mulher paramentada de rosas sussurrou para outra:
–
E os aplausos, gente? – E as palmas se fizeram ouvir.
Atualizado em 2 de janeiro às 11:04