Novos Rumos: Operação do MPRN e da Polícia Militar combate
corrupção na corporação
Deflagrada nesta terça-feira, operação resultou na prisão de
12 policiais militares que se associaram para prática de crimes, e é um
desdobramento da operação Citronela, deflagrada na semana passada na favela do
Mosquito
O Ministério Público Estadual repassou detalhes da Operação
Novos Rumos, deflagrada nesta terça-feira (29), em conjunto com a Polícia
Militar, que prendeu preventivamente 12 policiais lotados no 9º Batalhão da
Polícia Militar, instalado no bairro da Cidade da Esperança, zona Oeste da
Capital, que se associavam para a prática de vários crimes.
Tiveram prisões preventivas decretadas os seguintes
Policiais Militares, todos lotados no 9.º BPM: Ivan Ferreira da Silva Tavares,
André Luiz da Silva Pereira, José Cherls Firmiano da Silva, Isaac Raphael da
Cruz Dumaresq, Thiago Vale Rabelo Teixeira, Damião Alves da Cunha, Marcos
Garcia Marinho, Marcio José da Silva Martins, Werson Magno de Carvalho, Antônio
Marcos Oliveira da Silva, Wilton Franco da Silva e Anderson Oliveira Frasseti
Maia.
A Operação Novos Rumos é desdobramento da Operação Citronela
deflagrada na última sexta-feira na
favela do Mosquito para repressão ao tráfico ilícito de entorpecentes e combate
ao proveito financeiro do crime.
Participaram da entrevista concedida aos jornalistas, na
sede da Procuradoria-Geral de Justiça, em Candelária, o Promotor de Justiça
Jorge Tonel, com atuação perante a 11ª Vara, voltada para a auditoria militar,
a Coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), Promotora de Justiça Patrícia Martins, o Promotor de Justiça Sílvio
Brito, o Comandante Geral da PM/RN, Coronel Ângelo Azevedo e o Comandante do
Bope, Tenente Coronel Rodrigo Trigueiro.
“Há indícios claríssimos da participação quase simbiótica
desses policiais numa prática contumaz de vários crimes”, informou o Promotor
de Justiça Jorge Tonel sobre a atuação dos policiais do 9º BPM investigados e
presos preventivamente por autorização da Justiça.
Investigação iniciada ainda em outubro do ano passado,
inclusive com interceptações, revelou que policiais receberam vantagem indevida
para livrar traficantes que haviam sido flagrados de posse de quantidade
expressiva de entorpecente. Havia uma relação espúria entre os policiais presos
e colaboradores de Joel Rodrigues da Silva, também preso na última sexta
durante Operação Citronela na favela do Mosquito.
“Havia essa associação para corromper e obter vantagens por
esse pessoal que não cumpria com o dever de ofício. O nome da operação é
exatamente o objetivo que se quis imprimir Novos Rumos para a polícia militar
do Rio Grande do Norte”, disse a Promotora de Justiça Patrícia Martins.
O Comandante da PM, Coronel Ângelo Azevedo, disse que a
instituição ainda está finalizando o levantamento funcional dos policiais
presos e identificou que, pelo menos um deles, o Thiago Vale Rabelo Teixeira,
respondeu processo em âmbito interno da corporação.
“A PM tem 181 anos e não são fatos como esses que vão nos
abalar. Lamentavelmente ainda existe esse tipo de acusação, mas estaremos
sempre de cabeça erguida e prontos para apurar”, destacou o Comandante da PM.
Se observou que a prática de corrupção não era uma
eventualidade, mas sim sistemática pelos 12 policiais presos e lotados no 9º
BPM. Foram constatados na investigação, recebimento de dinheiro e bens como
armas, notebook, perfumes, queijos, dentre outros, para a não realização dos
flagrantes.
Outros fatos graves igualmente foram provados nos autos,
como a ação de retardar, indevidamente, a realização de abordagem policial,
após verificarem que pessoas não identificadas estavam furtando peças de roupa
de uma Loja no bairro da Cidade da Esperança, dando tempo dos mesmos se
evadirem e logo em seguida, os próprios policiais furtarem objetos, durante a
noite, ao entrarem na loja para verificar a cena do crime, portanto com abuso
de confiança e gravíssimo desvio funcional.
Também foi identificada a relação promíscua entre policiais
militares e esquemas de jogos clandestino, mediante o recebimento regular de
propina para se omitir em face de casas de “bingo” e outros jogos de azar.
A conduta dos policias investigados era objeto de repulsa e
indignação dos próprios praças da corporação, que não compactuavam com o
esquema, gerando-se conflitos com os investigados em razão de tais métodos,
sendo que os policiais investigados desdenhavam dos colegas que questionavam
tais ações e lhes cobravam honestidade.
A própria Polícia Militar já havia acionado o Ministério
Público pedindo o aprofundamento de informações que davam conta da prática de
crimes no âmbito do 9º BPM, dando a Corporação, na sequência, irrestrito
respaldo às investigações realizadas pelo Gaeco. Os policiais estão detidos em
batalhões da PM preventivamente enquanto é dada continuidade a investigação.