Vulnerabilidade social no Brasil
cai 27% em dez anos, mostra Ipea
Paula Laboissière - Repórter da
Agência Brasil
Crianças do Centro de Educação
Infantil do Núcleo Bandeirante
O Índice de Vulnerabilidade
Social indica a ausência ou insuficiência de recursos ou estruturas (como fluxo
de renda, condições adequadas de moradia e acesso a serviços de educação)Elza
Fiúza/Agência Brasil
O Índice de Vulnerabilidade
Social brasileiro caiu 27% no período de 2000 a 2010, fazendo com que o país
passasse da faixa de alta vulnerabilidade social para a faixa de média
vulnerabilidade social. Os dados foram divulgados hoje (1º) pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com a publicação Atlas
da Vulnerabilidade Social nos Municípios Brasileiros, o número de cidades com
alta ou muito alta vulnerabilidade social caiu de 3.610 no ano 2000 para 1.981
em 2010. Já o de municípios com baixa ou muito baixa vulnerabilidade social
passou de 638 para 2.326 no mesmo período.
A vulnerabilidade social à que o
índice se refere indica a ausência ou insuficiência de recursos ou estruturas
(como fluxo de renda, condições adequadas de moradia e acesso a serviços de
educação) que deveriam estar à disposição de todo cidadão. A divulgação do
índice serve para orientar gestores no desenvolvimento de políticas públicas de
acordo com as carências e necessidades de cada localidade.
A melhora, segundo o
levantamento, foi mais nítida em alguns estados das regiões Centro-Oeste (como
a faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul), Norte (especialmente no Tocantins)
e Nordeste (com destaque para o sul da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e
leste de Pernambuco).
O Ipea ressaltou, entretanto, que
o quadro de disparidades regionais no país permanece, com concentração de
municípios na faixa de muito alta vulnerabilidade social no Norte (Acre,
Amazonas, Pará, Amapá e Rondônia) e no Nordeste (principalmente no Maranhão, em
Alagoas e em Pernambuco, além de porções do território baiano).
“Num país desigual como o nosso e
que, apesar de todos os avanços, ainda apresenta um quadro de vulnerabilidade
social média, a gente não derrotou o problema da vulnerabilidade social
estrutural. A gente está em um processo. Os avanços são substantivos. Não há
como o Brasil se desenvolver e ser um país minimamente mais justo se as
políticas sociais não tiverem continuidade”, explicou o diretor de Estudos e
Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Marco Aurélio Costa.
Desigualdades regionais
Os dados mostram que, no
Centro-Oeste e no Sudeste, mais de 48% dos municípios estavam na faixa de baixa
vulnerabilidade social em 2010. O Sul, por outro lado, registrou o maior
percentual de cidades com índice de vulnerabilidade muito baixo: 28,7%. No
Norte, 41,9% dos municípios tinham vulnerabilidade social muito alta, enquanto
na Região Nordeste quase metade das cidades (47,7%) apresentava alto índice de
vulnerabilidade social.
“Como o Brasil é um país que tem
desigualdades regionais muito expressivas, os efeitos das políticas ocorrem de
maneiras diferentes nas diversas regiões”, destacou Costa.
Segundo a publicação, o aspecto
que mais influenciou a redução do índice de vulnerabilidade social no país é o
que engloba renda e trabalho. Todos os indicadores que envolvem insegurança de
renda e precariedade nas relações de trabalho tiveram melhora entre 2000 e
2010, refletindo, de acordo com o estudo, a redução da informalidade, do
trabalho infantil e o aumento da ocupação.
“O Brasil fez um esforço de
políticas sociais muito grandes. Esse esforço deu resultados e é importante
manter as políticas sociais para que a gente continue a avançar e se torne uma
sociedade menos injusta e menos desigual”, concluiu o diretor do Ipea.
Edição: Talita Cavalcante