Com renda menor e desemprego, famílias buscam menos crédito,
diz BC
Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil
A renda menor, o aumento do desemprego e os juros mais altos
reduzem a demanda das famílias por crédito dos bancos, na avaliação do chefe do
Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
“De uma maneira geral, o crédito para consumo mostra um
arrefecimento em relação a períodos anteriores. O próprio ciclo econômico é uma
explicação para isso. Outro fator é a própria cautela das famílias em termos de
endividamento e comprometimento de renda futura”, disse Maciel.
Além da maior cautela dos consumidores, os bancos também
estão mais seletivos na oferta de crédito de 2012, quando houve aumento da
inadimplência.
Em setembro, comparado ao agosto, o saldo total do crédito
com recursos livres (bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no
mercado e definir as taxas de juros) para as famílias ficou estável, em R$ 795
bilhões. No caso do crédito para a compra de veículos, houve queda no saldo de
1,1% e chegou a R$ 166,691 bilhões. Também houve redução no saldo dos gastos à
vista no cartão de crédito (R$ 112,604 bilhões), de 1,9%.
Segundo Maciel, a redução do saldo do crédito para a compra
de veículos e das compras a vista no cartão de crédito é “indicativo de
fragilidade de consumo”.
No total, o saldo das operações de crédito livre e
direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados,
basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) para empresas
e famílias apresentou alta de 0,8% no mês e chegou a R$ 3,160 trilhões. No mês,
o crédito livre cresceu 0,5% e o direcionado, 1,1%. “Tivemos em setembro
crescimento semelhante ao que vinhamos observando em meses anteriores – uma
dinâmica de expansão moderada, em linha com as projeções para o ano”, disse
Maciel. O BC projeta expansão de 9% no saldo das operações de crédito, este
ano. Em 12 meses encerrados em setembro, o saldo das operações de crédito
cresceu de 9,1%.