Dilma assina contrato com o Butantan para desenvolver vacina
contra a dengue
Vacina contra a dengue tem potencial para proteger contra os
quatro vírus da doença com uma única dose
Por Elaine Patricia Cruz/Agência Brasil
Água parada, foco de proliferação do Aedes aegypti,
transmissor da dengue (Foto: Portal No Ar)
A presidenta da República Dilma Rousseff assina nesta
segunda-feira (22) um contrato entre o Ministério da Saúde e o Instituto
Butantan para o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue. A cerimônia de
assinatura vai ocorrer nesta tarde, no Centro de Convenções Rebouças, na zona
oeste da capital paulista.
De acordo com o Ministério da Saúde, o contrato com o
Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, prevê investimentos
iniciais de R$ 100 milhões para o desenvolvimento do estudo nos próximos dois
anos. Mas os investimentos, segundo o órgão, devem somar até R$ 300 milhões,
com recursos previstos também do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(R$ 100 milhões), por meio de um contrato da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com
mais R$ 100 milhões.
Testes clínicos
Esse investimento inicial do Ministério da Saúde financiará
a terceira e última fase de testes clínicos da vacina em voluntários, que teve
início nesta segunda-feira. Neste primeiro dia, dez pessoas serão vacinadas
contra a dengue. Esta última etapa da pesquisa servirá para comprovar a
eficácia da vacina.
Para isso, dois em cada três voluntários irão receber a
vacina, enquanto o restante receberá placebo, uma substância com as mesmas
características da vacina, mas sem o vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe
médica nem os participantes saberão se receberam vacina ou placebo. O objetivo
é descobrir se quem tomou a vacina ficou protegido e se quem tomou placebo
adquiriu a doença.
Recrutamento
Em São Paulo, os estudos da vacina começam com 1,2 mil
voluntários que foram recrutados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), maior complexo hospitalar da
América Latina. O hospital será um dos 14 centros credenciados pelo Butantan
para os testes, que devem envolver 17 mil participantes de 13 cidades do país.
O teste clínico deve durar um ano, e a expectativa do instituto é que a vacina
esteja disponível no país a partir de 2018.
A vacina contra a dengue tem potencial para proteger contra
os quatro vírus da doença com uma única dose. A vacina é produzida com vírus
vivos, mas geneticamente enfraquecidos. Com os vírus vivos, a resposta imunológica
é maior, mas a forma é atenuada, não há potencial para provocar a doença.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o
cadastro de pessoas interessadas em participar da pesquisa no estado passa de 2
mil. Os voluntários precisam ser pessoas saudáveis, que já tiveram ou não
dengue em algum momento da vida e que se enquandrem em três faixas etárias: 2 a
6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. O e-mail para os interessados é
sac@butantan.gov.br.
Os participantes vão ser acompanhados por um período de
cinco anos para se verificar a duração da proteção oferecida pela vacina.