Justiça do Rio condena 13 policiais por tortura e morte de
Amarildo
Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil
A 35ª Vara Criminal do Rio de Janeiro condenou 13 dos 25
policiais militares acusados da tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza,
em 2013, na Rocinha, na zona sul da cidade. Entre eles está o ex-comandante da
Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha major Edson Santos, condenado
a 13 anos e sete meses de prisão pelos crimes de tortura e ocultação de
cadáver.
Outro condenado é o tenente Luiz Felipe Medeiros,
subcomandante da UPP na época do desaparecimento de Amarildo, que recebeu a
pena de dez anos e sete meses de prisão pelos crimes de tortura, ocultação de
cadáver e fraude processual (por ter tentado prejudicar a investigação do
crime).
A segunda maior pena recaiu sobre o soldado Douglas Roberto
Vital Machado: 11 anos e seis meses, pelos crimes de tortura e ocultação de
cadáver.
A Justiça também condenou, pelos mesmos crimes, a dez anos e
quatro meses de reclusão, os soldados Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves
Coelho, Jairo da Conceição Ribas, Anderson César Soares Maia, Wellington
Tavares da Silva, Fábio Brasil da Rocha da Graça e Felipe Maia Queiroz Moura.
As policiais Rachel de Souza Peixoto e Thaís Rodrigues
Gusmão receberam pena de nove anos e quatro meses cada uma. O décimo terceiro
réu, o soldado Victor Vinicius Pereira da Silva, teve a punição extinta por ter
morrido no ano passado.
Os 12 condenados também vão perder a função pública.
Investigação
O caso aconteceu em julho de 2013, quando o então comandante
da UPP, major Edson Santos, determinou que os policiais de sua unidade
localizassem suspeitos de ligação com a venda de drogas na comunidade e levassem
essas pessoas à sede da UPP, para interrogá-las. Durante a ação, os policiais
receberam a informação de que Amarildo de Souza "estaria com as chaves do
paiol do tráfico".
O pedreiro desapareceu em julho de 2013, após ser levado por
PMs para a base da UPP da RocinhaArquivo/Agência Brasil
O pedreiro então foi detido e levado para a base da UPP.
Ali, segundo a Justiça, sob as ordens dos dois oficiais da UPP, Amarildo foi
torturado e morto por um grupo de policiais, enquanto outros faziam a
vigilância do entorno da base. Depois da morte, os policiais ocultaram o corpo.
O advogado João Tancredo, que auxilia a família de Amarildo,
disse que a condenação é um reconhecimento da morte do pedreiro pelo Estado. “O
sentimento [da família] é que não importa o tempo de pena. O que importa é que
o Estado reconheceu que foram os policiais que sequestraram e assassinaram
Amarildo”, disse. O corpo do pedreiro nunca foi localizado.