Maior barragem do RN volta a receber água, mas volume ainda é crítico
Com chuvas, águas do Piranhas voltaram a Armando Ribeiro Gonçalves.
Volume atual (20,61%) é o mais baixo da história do reservatório.
Graças às chuvas que vêm caindo nos últimos dias no interior do Rio Grande do Norte, a maior barragem do estado, a Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, voltou a receber águas do Rio Piranhas. A informação foi confirmada pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Piancó/Piranhas/Açu, José Procópio de Lucena. Mesmo assim, segundo a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (Semarh), a situação ainda é preocupante. Com 20,61% de sua capacidade total, o reservatório nunca esteve com o volume de armazenamento tão baixo.
Ainda de acordo com Lucena, o volume de água ainda precisa subir 16,6 metros para que a cota de sangria seja atingida. O sangradouro da barragem fica na cidade de Itajá, na região Central do estado. A última vez que o reservatório sangrou foi em 2011. De lá para cá, o Rio Grande do Norte enfrenta a pior seca dos últimos 100 anos.A barragem Armando Ribeiro Gonçalves tem capacidade para armazenar até 2 bilhões e 400 milhões de metros cúbicos de água. Levantamento divulgado nesta terça-feira (2) mostra que o reservatório chegou a 20,61% de sua capacidade total, o que representa um volume de 494 mil, 618 mil e 800 metros cúbicos. Este, de acordo com o secretário Mairton França, titular da Semarh, é o volume mais baixo da história da barragem.
Emergência
Dos 167 municípios potiguares, 153 estão em estado de emergência em razão da estiagem prolongada. Destes, 16 estão em situação de colapso. Outras 75 cidades são abastecidas no sistema de rodízio.
'Atlântida do Sertão'
Ruínas da antiga São Rafael, inundada durante a construção do maior reservatório do Rio Grande do Norte, tornaram-se atrações turísticas. A 'Atlântida do Sertão', como foi apelidada a velha cidade, ressurgiu por causa da longa estiagem que atinge o estado. As águas baixaram tanto que revelaram o que restou de alguns dos prédios encobertos há mais de 30 anos pelas águas da barragem. A igreja e o cemitério estão lá. Na época, segundo o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), 730 famílias tiveram quer ser reassentadas em um ponto mais alto do município.
No fundo do reservatório, é possível chegar de carro até a velha igreja da cidade. Ela ainda tem as fundações submersas, mas dá pra subir nos escombros. Já o antigo cemitério, reapareceu por completo, revelando túmulos e cruzes. Casas, lojas e até o que um dia foi um posto de combustíveis também estão aparentes.