ONU defende direito ao aborto em países atingidos pelo Zika
Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
O alto-comissário de Direitos Humanos da Organização das
Nações Unidas (ONU), Zeid Ra’ad Al Hussein, defendeu hoje (5) que países com
surto do vírus Zika autorizem o direito ao aborto em casos de infecção em
gestantes, uma vez que o quadro pode estar relacionado ao aumento de bebês
diagnosticados com microcefalia.
Segundo Hussein, garantir os direitos humanos de mulheres
nesse contexto é essencial para que a resposta à emergência em saúde pública
relacionada ao Zika seja efetiva. “Isso requer que os governos garantam às
mulheres, homens e adolescentes o acesso a informações e serviços de saúde
reprodutiva e sexual abrangentes e de qualidade, sem discriminação”, disse,
durante coletiva de imprensa em Genebra.
Ainda de acordo com o porta-voz da ONU, os serviços em
questão envolvem a contracepção (incluindo a oferta de pílula do dia seguinte),
a saúde materna e o aborto seguro e legal. “Claramente, conter a epidemia de
Zika é um grande desafio para os governos na América Latina”, disse.
“Entretanto, a orientação de alguns governos para que mulheres adiem a gravidez
ignora a realidade de que muitas delas simplesmente não podem exercer controle
sobre quando e em que circunstâncias ficar grávida.”
Por meio de nota, a própria ONU reforçou que, em meio à
contínua propagação do vírus Zika pelo mundo, autoridades devem garantir que as
respostas em saúde pública estejam em conformidade com suas obrigações no campo
de direitos humanos. A entidade destacou ainda que uma relação causal entre os
casos de infecção pelo vírus, a microcefalia e casos de Síndrome de
Guillain-Barré ainda estão sendo investigados.