Dilma critica vazamentos e rebate suposta delação de
Delcídio
Pronunciamento da presidenta Dilma (Valter Campanato/Agência
Brasil)
A presidenta se disse inconformada com a condução coercitiva
do ex-presidente Lula para depor e indignada com
A presidenta Dilma Rousseff fez, nesta tarde, um
pronunciamento em que se disse inconformada e indignada com a notícia de um
suposto acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e
contestou as informações sobre o que teria dito o parlamentar nos depoimentos.
Dilma afirmou que é "absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do
senador, se [é que] ela foi feita", e considerou descabidos alguns fatos
relatados por Delcídio, segundo a revista IstoÉ.
Dilma convocou a imprensa para fazer uma forte defesa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos alvos da 24ª etapa da Operação
Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (4). No pronunciamento, a presidenta
refirmou o teor de nota publicada na tarde de hoje, manifestando "absoluto
inconformismo" com a condução coercitiva do ex-presidente e classificando
de "desnecessária" a medida.
Pelo menos três citações da revista IstoÉ sobre o suposto
depoimento de Delcídio no âmbito da Lava Jato foram contestadas pela
presidenta. Dilma negou ter conversado com o presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ricardo Lewandowski, na tentativa de "mudar os rumos" da
Lava Jato. Disse que os esclarecimentos sobre a compra da Refinaria de Pasadena
pela Petrobras, em 2014, já foram devidamente prestados, embasados em
documentação do Conselho de Administração da Petrobras, e que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o arquivamento da
investigação.
A presidenta considerou "lamentável" a ocorrência
do vazamento ilegal de uma hipotética delação premiada, que, se foi feita, teve
como motivo único a tentativa de atingir sua pessoa e seu governo.
"Provavelmente, pelo imoral e mesquinho desejo de vingança e de retaliação
de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos que praticou",
ressaltou.
Ela disse também que não pediu ao senador petista para
conversar com juristas antes de indicá-los ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ), com o objetivo de convencê-los a votar a favor do governo. Dilma
declarou ter nomeado três ministros na turma do STJ a que teria se referido o
senador, dos quais apenas um votou favoravelmente a seu governo.
Dilma enfatizou “jamais” ter falado com Delcídio sobre o
assunto e negou ter tentado negociar “de forma imoral” a nomeação dos
ministros, com o objetivo de conseguir a libertação de investigados da Lava
Jato, que na época estavam presos preventivamente.
“O ministro Marcelo Navarro, o presidente do STJ, Francisco
Falcão, os desembargadores Newton Trisotto e Nelson Schaefer negaram
peremptoriamente a existência de quaisquer tratativas do governo a respeito. A
afirmação atribuída ao senador, assim, restou claramente desmentida”, afirmou
Dilma.
A presidente fez o pronunciamento ao lado de dez ministros
de sua equipe. O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da
República, Marco Aurélio Garcia, também estava presente na hora do pronunciamento.