Odebrecht pagou US$ 14,3 milhões a ex-diretores da Petrobras,
diz Moro
André Richter - Repórter da Agência Brasil
O juiz federal Sérgio Moro disse hoje (8) que as
investigações da Operação Lava Jato comprovaram que a empreiteira Odebrecht
pagou 14,3 milhões de dólares e mais 1,9 milhão de francos suíços aos
ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Pedro Barusco, em
contas offshore no exterior, entre 2007 e 2011.
A conclusão consta da sentença na qual o juiz condenou o
empresário Marcelo Odebrecht e três ex-executivos da empreiteira. De acordo a
decisão, a empreiteira participou do esquema de cartel de licitações da
Petrobras e destinou um percentual dos valores recebidos para a pagar propina
aos ex-diretores da estatal. Para o juiz, o empreiteiro Marcelo Odebrecht,
apesar de negar que atuasse diretamente nos negócios da empresa com a
Petrobras, tinha conhecimento dos pagamentos irregulares.
“Há diversos elementos probatórios nos autos que revelam que
a declaração escrita [defesa entregue] de Marcelo Bahia Odebrecht, de que não
se envolvia nos negócios das empresas do Grupo Odebrecht é falsa, assim como é
falsa a autonomia de cada área de negócio para gerir suas atividades, pelo
menos no grau afirmado pelo acusado.”, disse Moro.
Além de condenar Marcelo Odebrecht a mais de 19 anos de
prisão, Moro decretou o afastamento dele e dos ex-executivos Márcio Faria da
Silva, Rogério Santos de Araújo, Cesar Ramos Rocha e Alexandrino Salles de
Alencar, do comando da empreiteira, pelo dobro da pena, além do pagamento de R$
108,8 milhões e mais US$ 35 milhões de indenização pelos desvios na Petrobras.
De acordo com a decisão, Marcelo Odebrecht deverá continuar
preso em Curitiba, devido às investigações da 23ª fase da Operação Lava Jato,
na qual o publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura são
investigados pelo suposto recebimento ilegal de dinheiro pelos serviços
prestados em campanhas eleitorais no exterior e no Brasil.
Em nota, o advogado Nabor Bulhões considerou a sentença
injusta por entender que Marcelo Odebrecht não teve participação nos ilícitos
investigados na Lava Jato. “A defesa de Marcelo Odebrecht continuará lutando
por sua liberdade e por sua inocência perante as instâncias superiores,
estando, mais do que convicta, certa de que a Justiça prevalecerá com a sua
completa absolvição”, argumentou o advogado.