Comissão do impeachment no Senado ouve defesa da presidenta
Carolina Gonçalves e Karine Melo – Repórteres da Agência
Brasil
Começou há pouco a sessão da Comissão Especial do
Impeachment no Senado marcada para ouvir o advogado-geral da União (AGU), José
Eduardo Cardozo, o ministro do Fazenda, Nelson Barbosa e a ministra da
Agricultura, Kátia Abreu, em defesa da presidenta Dilma Rousseff. Esta será a
quarta vez que Cardozo vem ao Congresso Nacional para rebater os argumentos da
acusação que fundamentaram o pedido de impedimento assinado pelos advogados
Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.
Na Câmara ele participou de duas sessões da comissão
especial que analisou o processo e também falou no plenário, no dia da votação
que admitiu o andamento do processo contra a presidenta. Cardozo ainda deve vir
ao Senado ao menos uma vez, quando o relatório estiver concluído e antes da
votação do texto. A defesa terá duas horas para expor a posição a favor de
Dilma e depois terá de responder a perguntas dos senadores.
Ontem (28) o colegiado ouviu Janaína e Reale Júnior que
sustentaram a continuidade do processo. Enquanto a advogada negou negando ser
filiada a partido político e afirmou que o processo não tem caráter partidário,
Reale Júnior classificou Dilma como centralizadora e afirmou que ela tinha
conhecimento sobre a gravidade da situação das contas do país.
No pedido contra a presidenta estão pontos como a edição de
créditos suplementares sem autorização do Legislativo. Segundo Reale, esta
prática, que ocorreu desde 2013, configura crime de responsabilidade e sustenta
o afastamento.
O presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB),
disse que o dia foi “pesado mas proveitoso” e que a participação dos senadores
demonstrou a importância dos convidados. Para a base aliada, os depoimentos não
trouxeram novidades.
Andamento
Na próxima segunda-feira (2), serão ouvidos, também pela
acusação, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso e o
procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU),
Júlio Marcelo de Oliveira, que identificou o atraso no repasse de recursos para
bancos públicos para o pagamento de benefícios sociais, as chamadas pedaladas
fiscais. Também está na lista o professor do Departamento de Direito
Econômico-Financeiro e Tributário da Universidade de São Paulo (USP), Maurício
Conti.
Na terça-feira (3), falam pela defesa o professor de direito
processual penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Geraldo
Prado; o diretor da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj), Ricardo Lodi Ribeiro, além de Marcelo Lavenère, ex-presidente
do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Pelo calendário acordado pela comissão, depois destas
oitivas, o relator Antônio Anastasia (PSDB-MG) vai apresentar o parecer e o texto
será discutido já no dia 4, para que haja tempo hábil para eventuais pedidos de
vista nas 24 horas seguintes. No dia 5 a defesa da presidenta terá mais uma
oportunidade de se manifestar.
No dia 6, o relatório deve ser votado pelo colegiado que,
para aprovar, precisa de maioria simples entre os 21 integrantes da comissão.
Feito isso, haverá mais um intervalo, de 48 horas úteis, para que, no dia 11 de
maio, a votação final sobre admissibilidade ocorra em plenário.
Se aprovada a admissibilidade do processo, a presidenta da
República será notificada e imediatamente afastada do cargo por 180 dias. Se
rejeitada a admissibilidade, o processo será arquivado.